O confinamento de animais no primeiro semestre de 2015 deverá subir para 17 por cento do total anual, ante média histórica de 13 por cento para o período, projetou o gerente-executivo da Associação Nacional dos Confinadores (Assocon), Bruno Andrade.
Historicamente, 87 por cento dos bovinos confinados são engordados e abatidos no segundo semestre.
Em 2014, foram confinados 4,16 milhões de cabeças de gado no país, alta de 4 por cento ante o ano anterior, segundo a Assocon. A entidade está finalizando levantamento sobre intenções dos pecuaristas para 2015, mas destaca que a média histórica é de crescimento anual de 4 a 5 por cento.
"No primeiro semestre, haverá rentabilidade interessante para o confinamento", disse Andrade, em entrevista à Reuters.
Ele destaca que a ração, que compõe cerca de 30 por cento dos custos dos confinamentos, estará relativamente barata nos próximos meses, devido aos elevados estoques de milho e à safra recorde de soja.
Outro fator que deve aumentar o interesse pelo confinamento nos próximos meses é o mau estado das pastagens em regiões como São Paulo e Goiás, onde tem chovido abaixo da média neste verão.
Geralmente é apenas na metade do ano, período de seca no Sudeste, Centro-Oeste e Norte do país, que os pastos estão em condições ruins, levando a um maior uso dos confinamentos.
Andrade lembra que a aquisição de bois magros --que representa 55 por cento dos custos dos grandes confinadores-- está cara por falta de oferta no mercado. No entanto, o problema deverá ser compensado pelo atual cenário de preços elevados da carne bovina, permitindo margens compensadoras para quem investir nos próximos meses.
O indicador Esalq/BM&FBovespa, referência para as cotações do boi gordo no país, fechou a terça-feira em 142,45 reais por arroba, alta de 24 por cento em um ano e muito perto da máxima histórica de 145,48 reais registrada no final de novembro.
Já para o segundo semestre, segundo Andrade, o cenário é "muito incerto".
Os confinadores terão que comprar boi magro nos próximos meses, a preços certamente elevados, e venderão os bois engordados, entre agosto e outubro, a cotações incertas.
"Se a inflação continuar alta e houver mais ajustes (aperto nas políticas econômicas), pode cair o consumo de carne bovina", avaliou o executivo da Assocon.