Publicado em 06/12/2017 17h36

Agricultura digital é tema de palestra para empresários em Angola

“Da biotecnologia ao big data, a agricultura sustentável e inteligente” é o título da palestra que a chefe-geral da Embrapa Informática Agropecuária, Silvia Massruhá, proferiu nesta quarta-feira (29), durante o Fórum Econômico da Aebran (Associação de Empresários e Executivos Brasileiros em Angola), cujo tema principal foi Telecomunicações: novas fronteiras para os negócios em Angola. A chefe-geral participou do evento realizado em Luanda, por meio de videoconferência transmitida a partir da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP).
Por: Nadir Rodrigues | Embrapa Informática Agropecuária

Silvia destacou o papel do Brasil como um grande produtor de grãos, carnes e frutas, contribuindo com cerca de 23% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. Esse resultado reflete a característica da agricultura brasileira, baseada em ciência e tecnologia e adaptada à região tropical, principalmente em decorrência das pesquisas realizadas por instituições públicas ligadas ao Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária (SNPA) como a Embrapa, institutos e universidades públicas, entre outras.

Com o desafio de alimentar 9 bilhões de pessoas em 2050, garantindo segurança alimentar, segundo estudos da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), estima-se que o Brasil vai precisar ampliar a produção de alimentos em 40%. Por isso, um dos grandes desafios é produzir mais conservando os recursos naturais, sem expandir a área plantada e contribuindo com a sustentabilidade e a redução da pobreza.

As novas tecnologias disruptivas características da chamada quarta revolução industrial podem ter um papel decisivo para uma maior integração entre os mundos físico e virtual, transformando os atuais modelos de negócios. Na era da transformação digital, o consumidor exige novos serviços, mais rápidos e com custos menores. Computação em nuvem, robótica avançada e internet das coisas são exemplos de tecnologias que já vêm sendo exploradas para a construção das cidades inteligentes, as smart cities, e que podem ser incorporadas ao setor rural.

“A agricultura será cada vez mais baseada em conhecimento e intensiva em conteúdo digital, em tecnologia de ponta e conectada”, afirma Silvia. Considerando que há uma tendência cada vez maior de adoção do uso de smartphones no campo, é preciso desenvolver estudos para descobrir como levar a tecnologia da informação para o produtor, segundo a pesquisadora.

Mas é preciso superar desafios, como a conectividade, para que a agricultura digital – agro 4.0 torne-se realidade, já que vários equipamentos como satélites, drones e colheitadeiras automáticas, aliados a sensores, estão espalhados pelo campo coletando imagens e dados relativos a solo, temperatura etc. Como integrar isso e ajudar o produtor a produzir mais com preservação ambiental é um dos grandes problemas para os pesquisadores que atuam com tecnologia da informação na agricultura.

Outro desafio é como analisar todos esses dados rapidamente para melhorar a tomada de decisão. “A TI tem um papel estratégico nesse processo produtivo de integrar tudo isso para avançar na ciência e na inovação no campo, além de contribuir com o desenvolvimento sustentável. Vamos precisar cada vez mais de técnicas de biotecnologia, agricultura de precisão, robótica, e a introdução de tecnologias sociais, computação em nuvem e ciência cognitiva”, ressalta Silvia.

Parcerias

A Embrapa tem um Sistema de Inteligência Estratégica, o Agropensa, cujo foco é olhar esse cenário e propor soluções inovadoras para atender a agricultura do futuro. Assim, devido à complexidade atual é importante trabalhar em parceria com instituições de pesquisa, empresas privadas e startups, em um ecossistema integrado para fortalecer a agricultura digital.

Silvia ainda contou sobre iniciativas que a Embrapa participa para apoiar a disseminação da TI no campo, como o Programa de Economia Criativa da Anprotec (Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores), em parceria com a Samsung. Outro exemplo é o SitIoT, ambiente baseado em um modelo de inovação aberta instalado em um experimento da Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP) para testes e pesquisas relacionadas à internet das coisas, que já firmou parceria com a empresa Agrosmart.

Por meio de uma infraestrutura de dados de pesquisa, a Embrapa está trabalhando com estratégias que envolve usar nuvens computacionais e o desenvolvimento de serviços para compartilhar dados e modelos para desenvolver aplicações em várias áreas, como bem-estar animal, agricultura e pecuária de precisão, melhoramento genético, manejo florestal, biodiversidade, entre outras. A atuação da Embrapa Informática Agropecuária, cujo foco é a computação aplicada à agricultura, foi destacada na palestra. Silvia demonstrou várias tecnologias desenvolvidas que contribuem para a tomada de decisão no campo e para a formulação de políticas públicas. 

A chefe-geral disse que a Embrapa está aberta a contribuir com os empresários que atuam em Angola como facilitadora para a articulação de um ecossistema na área de agricultura digital, com base na experiência do SBIAgro Conect@. O evento de relacionamento empresarial realizado pela Empresa em Campinas (SP) reuniu representantes de empresas e startups interessados em desenvolver novas tecnologias aplicadas à agricultura.

Já há uma parceria consolidada da Embrapa no continente africano por meio de projetos de cooperação técnica voltados à transferência de tecnologia desenvolvidos por diversos centros de pesquisa da Empresa. A Embrapa ainda atua, por meio da Secretaria de Relações Internacionais (SRI), nas Plataformas de Inovação Agropecuária (Agricultural Innovation Marketplace), rede internacional que busca fortalecer a capacidade de pesquisa e inovação para a agricultura tropical.