Publicado em 30/08/2017 17h43

Para superar desafio da sucessão, é preciso profissionalizar a gestão e promover a imagem do agronegócio

Assunto pautou os principais debates do 5º Fórum de Agricultura da América do Sul
Por: Camila Tsubauchi e Bruna Robassa | Centro de Comunicação

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Será essencial investir na promoção do agronegócio e na profissionalização da gestão da atividade para vencer o desafio da sucessão no campo. Segundo especialistas presentes no 5º Fórum de Agricultura da América do Sul, a propriedade rural precisa ser administrada como uma grande empresa e estar preparada para receber um novo gestor. O evento ocorreu nos dias 24 e 25 de agosto, no Museu Oscar Niemeyer (MON), em Curitiba (PR), e teve como tema “Sucessão, gestão e tecnologia. É o campo do futuro e em transformação”.

A cada década a população rural perde em número absoluto de habitantes e, desde 2008, há mais pessoas vivendo nos centros urbanos do que no campo. “Nos últimos 10 anos, o Censo apontou uma redução de mais de 2 milhões na população do campo. E os jovens de 15 a 29 anos já são em número menor que o de estabelecimentos rurais”, contextualizou o oficial nacional da Organização Mundial das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO/ONU), Valter Bianchini.

Diante deste cenário, é preciso investir em ações de manutenção dos jovens no meio rural, avaliou o técnico do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), José Eustáquio Ribeiro Vieira Filho, que também participou do debate. “É importante promover a imagem da atividade rural, de forma a torná-la mais respeitada e objeto de desejo como atividade profissional dos jovens. As pessoas desconhecem a importância desse grande setor, que emprega quase 20% da mão de obra ocupada no país”.

Para o presidente executivo da SPRO IT Solutions, Almir Meinerz, a tecnologia tem papel fundamental nesse processo. “Como filho de produtores rurais, vejo agora que a transformação digital [que chegou ao campo] está aliando sucessão e tecnologia. E a gestão precisa ser profissionalizada, com softwares de gestão para toda a cadeia produtiva. Afinal, [em uma mesma propriedade] temos várias atividades: suinocultura, piscicultura, avicultura”.

Segundo Meinerz, há muito tempo o agricultor deixou de ser visto como colono e agora precisa passar por uma nova evolução: é momento de ser visto como empresário do agronegócio. A opinião é corroborada pelo técnico do Ipea, que acredita que as propriedades rurais tem de ser administradas como grandes empresas para superarem o desafio da sucessão. “Temos que preparar a fazenda para a sucessão e não apenas um sucessor para essa fazenda. Os estabelecimentos de médio e grande porte, são os que se mostram mais habilitados para a sucessão familiar”, ressaltou Vieira Filho.

Agronegócio globalizado

Durante os dois dias de programação, mais de 500 pessoas participaram dos 13 painéis, com 40 palestrantes de 10 países diferentes. Para o gerente do Núcleo de Agronegócio Gazeta do Povo e coordenador do projeto, Giovani Ferreira, a adesão reflete a importância da região para o agronegócio mundial.

“O mundo precisa olhar para o Brasil e para a América do Sul como player decisivo nessas relações comerciais de oferta e demanda. Porque se o agronegócio é globalizado, a discussão não pode ser diferente, também precisa ser ampliada e global. A grande questão no entanto não é só a mudança que estamos estimulando, mas a velocidade dessa mudança. É isso que vai nos diferenciar”, destacou.

Em 2018

A próxima edição do evento já tem data marcada: 23 e 24 de agosto de 2018. O 6º Fórum de Agricultura da América do Sul tem como tema “O campo digital e conectado. O grande desafio do Século 21”. Segundo Ferreira, a intenção é fomentar o debate sobre o uso de novas ferramentas, como a Internet das Coisas, para ganhar produtividade. “Ou o campo incorpora tecnologia, ou está fora do processo. O desafio é conectar isso à inteligência artificial para sermos mais competitivos. É preciso integrar a tecnologia com inteligência”.