Publicado em 09/05/2017 18h31

Minerva mantém resultados positivos no primeiro trimestre

Flexibilidade operacional decorrente da estratégia de diversificação geográfica, inversão do ciclo da pecuária para positivo no fornecimento de gado no Brasil e a gestão de passivos favoreceram os resultados da Companhia.
Por: Rodrigo Fonseca

A Minerva Foods (Minerva S.A. – BM&FBOVESPA: BEEF3 | OTCQX:MRVSY), uma das líderes na América do Sul na produção e comercialização de carne in natura, gado vivo e seus derivados, também atuando no setor de processamento de carne bovina, suína e de aves, anuncia os resultados referentes ao primeiro trimestre de 2017 (1T17). Entre os destaques, a Companhia registrou receita bruta de R$ 2,3 bilhões no período e de R$ 10,1 bilhões no acumulado dos últimos 12 meses, em linha com o mesmo período do ano anterior; o EBITDA no 1T17 totalizou R$ 197,6 milhões, com margem EBITDA de 9,2%; o fluxo de caixa das atividades operacionais da Companhia no período foi de R$ 53,6 milhões e o Retorno sobre o Capital Investido (ROIC) atingiu 22,2%, em linha com o nível dos últimos trimestres, mantendo a Minerva como referência no setor. A posição de caixa ao final do 1T17 era de R$ 2,9 bilhões, um valor 2,4 vezes superior aos vencimentos de curto prazo, e a alavancagem financeira no final do período, medida pelo índice dívida líquida/EBITDA dos últimos 12 meses, ficou em 3,8 vezes.

No 1T17, as exportações representaram 60,5% da receita consolidada, tendo sido impactadas pela suspensão temporária de importação de alguns países no final do período em razão da deflagração da operação Carne Fraca (que também gerou recuo nas vendas domésticas), que investiga o envolvimento de fiscais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) em um esquema de liberação irregular de licenças para frigoríficos. A Companhia, porém, conseguiu minimizar o impacto pela sua flexibilidade operacional ao remanejar a sua produção em curto espaço de tempo e atender os países suspensos por meio das suas unidades industriais instaladas no Uruguai, Paraguai e Colômbia. “Este movimento suavizou o impacto da redução de acesso do Brasil e demonstrou claramente a importância da diversificação geográfica como instrumento de proteção e gestão de risco”, ressalta Fernando Galletti de Queiroz, presidente da Minerva.

Neste cenário, Queiroz destaca ainda a implementação de programas de eficiência comercial como um ponto importante da gestão da Companhia à medida que elevam a capilaridade no mercado local e privilegiam a diversificação de canais eficientes de distribuição, com foco na ampliação do food service e dos pequeno e médio varejos, e também de origens, onde a empresa tem originado cada vez mais produtos de terceiros por meio de tradings próprias no Brasil, Uruguai e Austrália. Com isso, mesmo em um cenário de deterioração econômica no Brasil, as vendas domésticas da Divisão Carnes tiveram alta de 4,4% em relação ao 1T16. “A nossa gestão continua a avançar em programas de eficiência operacional com objetivo de padronizar os processos, minimizar a volatilidade dos resultados operacionais e elevar a produtividade e o rendimento das operações. Assim, apesar dos mais variados desafios que o setor impõe, continuamos extremamente confiantes na capacidade operacional da Minerva em gerar retornos atrativos, sustentáveis e consistentes ao longo do tempo”, completa o executivo.

Também neste período, o setor apresentou reflexos da inversão do ciclo da pecuária favoráveis ao fornecimento de gado (matéria-prima) no Brasil, com crescimento de 8% do rebanho brasileiro nos últimos quatro anos, fruto da fase de expansão que teve início na safra 2013/14, em que os pecuaristas começarem a reter maior número de fêmeas para aumentar a produção de bezerros, motivou atualmente maior oferta de gado pronto para abate no mercado interno. Para a empresa, esse fator, em conjunto com a melhora dos índices zootécnicos dos bovinos e com a recente redução do nível de uso da capacidade de abate da indústria, serão os principais parâmetros de direcionamento do desempenho do preço da arroba nos próximos anos.

Outro ponto marcante do período diz respeito à gestão de passivos, colocado em prática pela empresa ao longo dos últimos anos com objetivo de reduzir o custo do serviço da dívida. Em fevereiro, a Companhia exerceu a sua opção de compra antecipada de US$ 105,5 milhões de valor de face dos Bonds 2022, com juros anuais de 12,25% e vencimento previsto para 2022, em um movimento conjunto ao vencimento e resgate dos 2017 (juros anuais de 9,25%).

Indústria forte no Brasil e na América do Sul

A operação Carne Fraca ao final do primeiro trimestre gerou impactos em toda a cadeia de proteína animal no Brasil, como recuo das vendas domésticas e também das externas – neste caso, decorrentes da suspensão temporária das compras de alguns países importadores e do aumento das inspeções sanitárias até ficarem claros os conteúdos das investigações e a sua extensão. Neste contexto, a Minerva destaca a comunicação rápida e assertiva do MAPA e das entidades representativas do setor de produção de carnes junto à opinião pública e dos clientes sobre a solidez e confiabilidade do sistema de controle sanitário no Brasil, que contribuiu para a recuperação do consumo doméstico, para o fim das suspensões e para dissipar os impactos sobre os resultados operacionais de todos os players de proteínas no País, mostrando que tais questões estavam isoladas a alguns frigoríficos pequenos e que o sistema de controle sanitário da indústria de carne bovina no Brasil é robusto e eficiente.

Para a empresa, ficou evidente após essa operação que a América do Sul (e o Brasil, em particular) continua a ocupar posição privilegiada no cenário global como principal região exportadora e que o mercado internacional sofre da falta de oferta de carne bovina. Neste contexto, a Minerva lembra, por exemplo, que alguns países que suspenderam as importações temporariamente ficaram sem o fornecimento suficiente de carnes para a sua demanda e tiveram aumento significativo no preço médio dos produtos importados.

A Minerva ressalta, ainda, a força da cadeia produtiva da carne brasileira. Da porteira para dentro, o país dispõe do maior rebanho bovino comercial do mundo (quase 220 milhões de cabeças, segundo levantamento do USDA – o Departamento de Agricultura dos EUA) e, na indústria, nota-se aumento significativo do volume e da qualidade dos produtos ao longo dos anos, que motivou maior participação nas exportações (hoje, o País abate cerca de 40 milhões de cabeças ao ano, segundo o USDA), enquanto houve redução nos tradicionais players internacionais, como Estados Unidos, Austrália, Canadá e União Europeia.

Neste cenário, a Minerva aponta ainda como fatores importantes para o aumento da representatividade da carne bovina brasileira no mundo a melhoria do status sanitário do rebanho, em que mais de 99% do plantel encontra-se em áreas livres de aftosa; o aumento da produtividade do setor de carne bovina; a ampliação do número de destinos nas exportações; a redução das barreiras sanitárias e comerciais; e os problemas de ordem econômica ou climática em importantes países concorrentes nos últimos anos. Além disso, a Companhia cita as vantagens competitivas do Brasil, como baixos custos de produção; grande potencial de crescimento do rebanho; práticas de prevenção de doenças; vantagens qualitativas da carne bovina; programas de aumento de produtividade do rebanho; e incremento no uso de tecnologias na pecuária.

Perspectivas positivas para o fornecimento de gado no Brasil

Sobre a originação de matéria-prima, é esperado maior disponibilidade de gado para abate nos anos de 2017 e 2018, como reflexo da combinação de dois fatores: sobra de animais que deveriam ter sido abatidos no último ano, mas que permaneceram nas fazendas devido ao ajuste da capacidade das indústrias; a inversão do ciclo da pecuária para a fase de maior oferta de animais, observadas pelo maior nível de abate de fêmeas e contração da margem da atividade de cria; e a queda nos preços dos grãos, com expectativa de safra recorde de soja e milho neste ano, que tende a ampliar o número de animais de confinamento na entressafra.

Em contrapartida, a Minerva destaca a redução do nível de abate da indústria nacional em decorrência da fraca sazonalidade do primeiro trimestre do ano. Para a Companhia, estes fatores (boa oferta de animais para abate e baixa demanda) explica o decréscimo do preço médio da arroba no 1T17 (referência Boi Gordo Esalq/BM&F no Estado de São Paulo) que caiu 3,1% em relação ao trimestre anterior e 5% sobre o 1T16.

Sobre a Minerva

A Minerva S.A. é uma das líderes na América do Sul na produção e comercialização de carne bovina, couro, exportação de gado vivo e derivados, segunda maior exportadora brasileira do setor em termos de receita bruta, e atua também no segmento de processamento de carne bovina, suína e de aves, comercializando seus produtos para mais de 100 países. Em 31 de março de 2017, a Companhia possuía uma capacidade diária de abate de 17.330 cabeças de gado e de desossa equivalentes a 20.316 cabeças de gado. Presente nos estados de São Paulo, Rondônia, Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e também no Paraguai, Uruguai e Colômbia, a Minerva opera 17 plantas de abate e desossa, uma de processamento e 11 centros de distribuição.