Publicado em 13/04/2017 17h54

Cepea aponta alta nos preços de boi, aves e suínos

O mercado se recupera da pressão de baixa da Operação Carne Fraca da Polícia Federal, que provocou embargos temporários nas importações por alguns países
Por: Venilson Ferreira

Os comentários publicados hoje pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP) sobre o mercado de proteínas animais destacam a recuperação nos preços do setor, após a forte pressão de baixa das últimas semanas, por conta dos desdobramentos da Operação Carne Fraca, deflagrada em 17 de março pela Polícia Federal para apurar fraudes na fiscalização agropecuária nos frigoríficos.

Os pesquisadores do Cepea observam que as exportações brasileiras de carne de frango aumentaram em março, mesmo com os embargos temporários feitos por alguns países. Eles explicam que “o impulso aos embarques veio da menor oferta mundial, já que países da Ásia, Europa e os Estados Unidos ainda registram surtos de gripe aviária”.

Segundo os técnicos, o bom desempenho das vendas externas somado à expectativa de aumento da demanda doméstica interromperam o movimento de queda dos preços no atacado nos últimos dias, com reações no Sul e no Sudeste.

O levantamento do Cepea mostra que no atacado da Grande São Paulo, o frango inteiro congelado foi negociado a R$ 3,87/kg na quarta-feira (12), em alta de 2,6% sobre a quarta anterior. Em Toledo (PR), a variação positiva de 1,4% em sete dias elevou o preço para R$ 3,58/kg. Para o frango inteiro resfriado em Descalvado (SP), a média foi de R$ 3,80/kg no dia 12, subindo 4,9% sobre a quarta anterior. Em Porto Alegre (RS), o resfriado permaneceu estável, a R$ 4,74/kg.

Suíno

O movimento de queda nos preços do suíno vivo e da carne também foi amenizado nos últimos dias, com reações ocorrendo no mercado independente de algumas regiões acompanhadas pelo Cepea, especialmente no Sudeste.

Os técnicos comentam que além das temperaturas mais amenas, que favorecem o consumo de carne suína, o fim da Quaresma deve contribuir para consolidar os reajustes de preços nos próximos dias, conforme expectativas de agentes do setor.

O Cepea apurou que em Belo Horizonte (MG), o suíno vivo se valorizou 2,2% entre 5 e 12 de abril, com o quilo do animal comercializado no mercado independente na média de R$ 3,97 nessa quarta-feira (12). Já na região SP-5 (Bragança Paulista, Campinas, Piracicaba, São Paulo e Sorocaba), o quilo do suíno fechou a R$ 3,92 nessa quarta, queda de 2,6% em sete dias.

No atacado paulista, entre 5 e 12 de abril, a carcaça especial suína se valorizou 0,7%, com o quilo passando para a média de R$ 6,38 nessa quarta-feira. Quanto à carcaça comum, os preços subiram 1,5% nos últimos sete dias, para R$ 5,95/kg.

Boi

Os analistas dizem que o mercado pecuários começa a dar sinais de recuperação, “depois do momento delicado vivido na segunda quinzena de março”. Segundo eles, mesmo com agentes de frigoríficos ainda pressionando os valores de compra de novos lotes de boi gordo, a menor oferta de pecuaristas tem feito com que os preços da arroba voltem a reagir na maioria das regiões.

Os pesquisadores relatam que devido às escalas de abate encurtadas, os valores da carne negociada no mercado atacadista da Grande São Paulo também vêm registrando altas diárias neste mês. Entre 5 e 12 de abril, o Indicador do boi gordo ESALQ/BM&FBovespa (São Paulo) teve alta de 1,83%, fechando a R$ 136,44 nessa quarta-feira (12). No mesmo período, a carcaça casada do boi se valorizou 3,34%, fechando a R$ 9,90/kg na quarta.

Eles destacam que, além da Operação Carne Fraca, o retorno da cobrança do Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (Funrural) também impactou o mercado no fim de março, já que afetou diretamente os valores negociados, com frigoríficos descontando dos preços de compra o percentual relativo ao Fundo, de 2,3%. 

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