Publicado em 11/04/2017 16h48

USDA reajusta estimativas para a soja na América do Sul

Para o Brasil, técnicos do governo dos Estados Unidos preveem uma colheita de 111 milhões de toneladas na safra 2016/2017
Por: Raphael Salomão

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Colheita de soja em Luíz Eduardo Magalhães (BA). Produção brasileira deve ser de 111 milhões de toneladas, segundo o USDA (Foto: Jonathan Campos/Ag. Gazeta do Povo)

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) reajustou em 5,03 milhões de toneladas a produção de soja na América do Sul no período 2016/2017. Os números estão no relatório de oferta e demanda referente ao mês de abril, divulgado nesta terça-feira (11/4). Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai devem colher 180,4 milhões de toneladas. A estimativa anterior, do mês de março, tinha sido de 175,37 milhões.

A correção dessas estimativas foi determinante para a revisão para cima também do número para a produção mundial, conforme o USDA. A expectativa para a colheita global passou de 340,79 milhões para 345,97 milhões de toneladas na safra 2016/2017, uma diferença de 5,18 milhões de toneladas de um mês para o outro.

“A produção mundial foi reajustada com o crescimento na safra combinada de soja do Brasil, Argentina Paraguai e Uruguai”, diz o relatório.

O consultor Pedro Dejneka, da MD Commodities, com sede em Chicago (EUA), avalia como “interessante” a situação atual da produção da oleaginosa no mundo. “A América do Sul hoje dita o ritmo de crescimento da produção mundial. Em conjunto, esses quatro países são o maior player global de soja”, analisa.

A estimativa dos técnicos do governo dos Estados Unidos para a safra brasileira foi revisada de 108 milhões para 111 milhões de toneladas. O USDA reajustou também os números para a demanda por soja brasileira. O número para o consumo doméstico passou de 44,6 milhões para 45,05 milhões de toneladas. A previsão de exportações foi de 61 milhões para 61,9 milhões de toneladas.

Ainda assim, o estoque de passagem de soja brasileira deve ser maior em relação ao divulgado em abril. Na avaliação dos técnicos dos Estados Unidos, o volume deve ser de 22,6 milhões de toneladas e não de 20,8 milhões, como previsto um mês atrás.

“O Brasil está próximo de ser o maior player global de soja. Não deve ser ainda na próxima safra (17/18) porque, se o clima ajudar, os americanos podem chegar a 120 milhões de toneladas. Mas, o Brasil domina as exportações. Neste ano (16/17), mesmo com os Estados Unidos produzindo mais, o Brasil deve exportar de 6 a 8 milhões de toneladas a mais”, acredita Dejneka.

A Argentina deve colher 56 milhões de toneladas de soja. A estimativa anterior do USDA era de 55,5 milhões. Foram mantidas as previsões de consumo doméstico – 49,75 milhões de toneladas – e de exportações de soja do pais – 9 milhões de toneladas. Assim, a estimativa de estoque final da safra de soja argentina 2016/2017 passou de 29,7 milhões para 30,4 milhões de toneladas

O Paraguai deve colher 10,1 milhões de toneladas de soja, acredita o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos. A estimativa anterior apontava para uma produção de 9,17 milhões na temporada 2016/2017.

O consumo interno foi reajustado de 3,84 milhões para 3,94 milhões de toneladas e as exportações, de 5,4 milhões para 6,2 milhões de toneladas. Ainda assim, o cálculo dos estoques finais foi reajustado de 130 mil para 260 mil toneladas.

Estados Unidos

Ao mesmo tempo em que corrigiu os números para a safra sul-americana, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos manteve as suas estimativas para a produção local da oleaginosa. As lavouras do país devem render 117,21 milhões de toneladas. A exportações são estimadas em 55,11 milhões.

Já a expectativa de consumo interno foi revisada de 56,29 milhões para 56,01 milhões de toneladas do grão. E os estoques finais reajustados de 11,84 milhões para 12,12 milhões de toneladas.

“O preço médio para a soja foi reduzido em US$ 0,05 para US$ 9,55 por bushel coma base nos mercado atual e na expectativa de preços ainda menores para a segunda metade do ano comercial”, diz o USDA, no relatório.

Com o incremento na produção global, os técnicos do USDA também corrigiram para cima a previsão de estoques de passagem de soja em todo o mundo. O número passou de 82,82 milhões para 87,41 milhões de toneladas. O consumo interno global deve atingir 332,42 milhões e as exportações podem chegar a 143,30 milhões de toneladas da oleaginosa.

De modo gerais, o relatório do USDA veio dentro do esperado pelo mercado, diz Pedro Dejneka, para quem, pelos fundamentos de oferta e demanda, a pressão é de baixa nos preços. No entanto, diz ele, em Chicago, com o mercado "sobrevendido" os preços da soja já acumulam cinco semanas seguidas de queda e existe a possibilidade de um ajuste ainda nesta semana.

“O relatório não trouxe novidades para a soja. O aumento dos estoques já era esperado e o mercado está sob pressão”, disse.