Publicado em 12/11/2014 08h54

Malta abre portas ao milho do Brasil

A abertura de um novo canal de exportação deve ampliar o acesso do Brasil a um mercado que importa mais de 20 milhões de toneladas de milho ao ano.
Por: AgroGP

brasilmilho

Malta, uma ilha que fica ao Sul do continente Europeu e norte da África, acaba de colocar sua infraestrutura portuária à disposição dos exportadores brasileiros. A ideia é que o ponto no Mar Mediterrâneo funcione como um centro de distribuição de cargas para países do Oriente Médio e Europa, que hoje compram individualmente em pequenos lotes, inclusive do Brasil. São oito clientes com potencial de aumento na importação do grão: Irã, Egito, Arábia Saudita, Marrocos, Argélia, Tunísia, Itália e Líbia. No ano passado, eles receberam 7 milhões de toneladas do cereal produzido em lavouras brasileiras e 16,4 milhões de toneladas de outras origens. Estados Unidos e Canadá são os principais competidores na região.

Quem está à frente das negociações com o governo maltês é Steve Cachia, diretor de Inteligência de Mercado da Cerealpar, com sede em Curitiba (PR). A empresa assinou um acordo de intenções de negócios com o país europeu, que tem um consumo interno muito pequeno e por isso estava subutilizando a infraestrutura do terminal KGT (Kordin Grain Terminal). A intenção é que o primeiro embarque ocorra ainda na safra 2014/15. “Qualquer exportador poderá usar essa rota” ressalta Cachia, que é maltês e vive no Brasil há mais de 20 anos.

O canal deve beneficiar o milho, porque não há indústrias esmagadoras de soja na região. Segundo Cachia, há uma expectativa de aumento no consumo do grão especialmente nos países do Oriente Médio e Sul da Europa, por causa de uma tendência de maior poder de compra da população. O desafio, segundo ele, está em despachar um navio com pelo menos metade da carga já comprometida. Ao desembarcar no país, o volume seria repartido aos compradores, que normalmente adquirem lotes de 5 a 20 mil toneladas em navios menores. O restante poderia ser armazenado em silos nas proximidades do porto. “Existe uma capacidade instalada para 90 mil toneladas”, destaca Cachia.

A alternativa surge num momento em que o cereal brasileiro perde espaço no comércio exterior para os Estados Unidos. Em 2014, as vendas externas nacionais devem cair 25% em relação ao volume embarcado no ano passado e somar 20 milhões de toneladas.