Publicado em 27/09/2014 10h41

Estudo: Vacinação contra Diarreia Viral Bovina, Rinotraqueíte Infecciosa e Leptospirose aumenta a taxa de prenhez em protocolos de IATF

Resultado da pesquisa desenvolvida pela Biogénesis Bagó em parceria com a USP será apresentado na 41ª Conferência Anual da International Embryo Transfer Society, na França, em janeiro de 2015.
Por: Attuale

Resultado da pesquisa desenvolvida pela Biogénesis Bagó em parceria com a USP será apresentado na 41ª Conferência Anual da International Embryo Transfer Society, na França, em janeiro de 2015.

Vacas Nelore vacinadas de forma estratégica contra Diarreia Viral Bovina (BVD), Rinotraqueíte Infecciosa Bovina (IBR) e Leptospirose têm taxas de prenhez superiores em protocolos de Inseminação Artificial por Tempo Fixo (IATF). É essa a conclusão de um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), em conjunto com veterinarios do laboratório Biogénesis Bagó, de Curitiba (PR) e Lab Axys Análises Diagnóstico, de Porto Alegre (RS), cujo resultado será apresentado na 41ª Conferência Anual da International Embryo Transfer Society, que será promovida em Versailles, na França, em janeiro de 2015.

A realização da pesquisa foi motivada pela ainda controversa eficiência da vacinação no controle de perdas reprodutivas causadas pelas doenças BVD, IBR e Leptospirose, que causam grandes impactos negativos nas taxas produtivas e reprodutivas dos rebanhos.

Para o estudo foram utilizadas 1172 vacas Nelore, provenientes de quatro fazendas localizadas no Mato Grosso do Sul, distribuídas em dois grupos na estação de monta 2013/2014. O primeiro grupo recebeu os manejos vacinais no início do protocolo de IATF e no diagnóstico de gestação aos 30 dias após a inseminação. O segundo grupo recebeu apenas solução salina 0,9%.

Os animais vacinados tiveram taxas de prenhez em IATF de 58,2% enquanto que o grupo de controle teve 44,7%, demonstrando um índice superior de 13,5 pontos percentuais ou um aumento de 27% em prenhez.

“Esses resultados demonstram que não é preciso ter receio para colocar em prática vacinação contra enfermidades reprodutivas junto com protocolos de IATF, pois com as vacinas recomendadas de forma estratégica o produtor pode ter reprodução com saúde, emprenhando mais vacas, na época certa, mantendo as gestações e minimizando as perdas”, explica o médico veterinário da Biogénesis Bagó, Lucas Souto, que participou da realização do estudo que será apresentado na França.
 
Resultado comprovado na prática
“Por não ter experiência, eu não acreditava que a vacinação na IATF dava tanta diferença, mas comprovei que é realmente eficaz. Nos 400 animais que vacinamos para o teste tivemos um índice de prenhez 10% superior aos não vacinados. Eu mesmo vacinei e fiz os ultrassons e pude comprovar na prática os resultados”, atesta o veterinário da Fazenda Piray, de Iguatemi (MS), Rodrigo Bussman, que participou do estudo.

“Foi muito bom participar desse estudo. Os nossos animais que foram vacinados tiveram um índice de prenhez 12% superior aos que não foram. Agora a gente acredita na eficácia da vacinação”, afirma o veterinário da Fazenda Água Azul, de Porto Murtinho (MS), Caio Augusto Rocha.

“Para nós, foi ótimo. Vacinamos 159 animais e pelo resultado vamos vacinar todos na próxima estação de monta. O índice de prenhez médio da Fazenda é de 86 a 88% com IATF. Esperamos com a vacinação chegar a 90 ou 92% na próxima estação”, acredita o gerente da Fazenda Água Azul, Valdivino Colis.

“Venho adotando a prática de vacinação em IATF há mais de quatro anos nos meus clientes e já tinha identificado não só um aumento da taxa de prenhez, mas também uma diminuição nos índices de fundo de maternidade. Existe uma resistência a vacinar em IATF, tanto por parte de veterinários como de pecuaristas, que veem somente o custo da vacina. Porém, com a valorização maior do bezerro até mesmo por conta da IATF, a vacinação se tornou uma ferramenta a mais para tornar a atividade mais eficiente, em conjunto com outros fatores, como o uso correto dos protocolos e a qualidade do sêmen. Como o Brasil é um país de dimensões continentais, seria interessante fazer o estudo em outras regiões”, afirma o médico veterinário Luigi Carrer Filho, proprietário da Campos e Carrer, de Londrina (PR) e vice-presidente do CRMV do Paraná.

Na Fazenda Segredo, em Bataguassu (MS), que participou do estudo com 360 animais, o índice de prenhez nos animais vacinados foi 20% superior. “O resultado foi muito bom, surpreendente! Foi muito interessante ter participado, pois eu tinha receio de que o resultado não justificasse o custo da vacina, mas compensa muito. Vamos implantar a vacinação no rebanho na próxima estação de monta”, garante o veterinário José Eduardo Pereira Lima Filho, gerente da Fazenda.

“Foi um acréscimo excepcional no índice de prenhez, principalmente na categoria de primíparas”. Assim definiu o veterinário Gabriel de Bacco Jorge, da CRIA LG, que faz o acompanhamento da Fazenda São Geraldo, localizada em Santa Rita do Rio Pardo (MS) e que participou do experimento com 250 animais, tanto primíparas quanto multiprímaras. O índice de prenhez nos animais vacinados foi 11% maior do que nos não-vacinados. “Nos exames de sangue havia titulagem alta de doenças reprodutivas e o excelente índice de prenhez atingido se deve à vacina. Usamos somente sêmen de dois touros e fui eu mesmo que realizou todas as inseminações para anular essas variáveis. Se existe alguma resistência à vacinação é porque não se mensura números. O resultado que dá paga a vacina com um ‘pé nas costas’”, ressalta o veterinário.