Publicado em 06/08/2015 19h17

Gigante do leite e grãos aposta na produção de leitões no Paraná

Frísia inaugurou unidade produtora com capacidade para 5 mil matrizes após investimento de R$ 40 milhões
Por: Cassiano Ribeiro, de Carambeí (PR)*

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Nas terras valiosas e com altos índices de produtividade de grãos e leite do Paraná a suinocultura começa a ganhar escala. Nesta quinta-feira (6/8) a Frísia Cooperativa Agroindustrial, antiga Batavo, inaugurou sua primeira Unidade de Produção de Leitões (UPL), em Carambeí, município mais jovem da região dos Campos Gerais. 

Com investimentos de R$ 40 milhões (incluindo estrutura e capital de giro), a planta conta com sistemas de alta tecnologia importados da Europa, para reprodução e cria de porcos, cumprindo legislações de bem-estar animal. Outros R$ 80 milhões devem ser investidos nas estruturas de granjas dos associados, que também precisará cumprir exigências internacionais de padrão de qualidade. Ainda neste mês, os galpões receberão os primeiros animais. A estrutura tem capacidade para alojar 5 mil matrizes. A expectativa é que cada uma gere 30 leitões ao ano.

A produção anual esperada é de 17,25 mil toneladas ao ano. “Vamos agora trazer para dentro dessa nova fase da empresa, em torno de 35 novos produtores, que serão responsáveis pela fase de terminação. Depois, os animais vai para o frigorífico que inauguramos este ano em parceria com as cooperativas Capal e Castrolanda”, detalhou o presidente da Frísia, Renato Greidanus. 

O foco do negócio é o mercado internacional. As carnes produzidas pelas cooperativas serão levadas aos açougues dos supermercados com a marca Alegra. Parte da produção será vendida in natura e outra será processada para a fabricação de embutidos.

“Antes dessa unidade, os nossos associados que criavam suínos dependiam totalmente do mercado spot [disponível] e vendiam somente animais vivos. Com a indústria própria, podem migrar de produtos e mercados, conforme o que for mais interessante no momento. E o cooperado também será dono dos resultados”, acrescenta o gerente de pecuária da cooperativa, Mauro Sergio Souza, ressaltando que no modelo de negócio os produtores são sócios do negócio e recebem os lucros ao final de cada ano.

A nova unidade duplica a capacidade atual de produção de suínos da Frísia, que atualmente conta com 6 mil matrizes e abate no frigorífico de Castro 500 animais por dia. “Precisamos ir para 20 mil matrizes para atender a necessidade do abatedouro, que está projetado para quadruplicar a produção atual”, afirma Greidanus. O primeiro lote de leitões deve ser encaminhado à terminação entre março e abril de 2016.

O frigorífico de suínos das três cooperativas fundadas por imigrantes holandeses começou a operar há quatro meses e as primeiras vendas para o mercado externo ocorreram no mês passado, conforme Greidanus, com destino ao Japão. A Rússia, balizadora da suinocultura mundial, está na mira das paranaenses. “A gente imagina que quando o frigorifico estiver operando com 70% da capacidade, o faturamento ficará acima de R$ 750 milhões. Trabalhamos com um payback de 12 anos para esse negócio”, disse o presidente.

Frísia, Capal e Castrolanda estão investindo R$ 300 milhões em 2015. Somente a Frísia obteve crescimento de 10% no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado.

Nova marca

O evento de inauguração da UPL marcou o lançamento da nova marca da cooperativa, que decidiu alterar o nome para “Frísia”, porque estava havendo conflitos no mercado consumidor depois da venda da Batavo para a Perdigão, em 2007. A mudança só foi efetivada após aprovação dos cooperados em assembleia.

O nome Batavo, conhecido em todo o Brasil no setor de alimentos, especialmente para laticínios, é uma homenagem à origem dos primeiros colonizadores holandeses que chegaram ao Paraná, em 1911. Eles vieram de Batávia.

*O jornalista viajou ao Paraná a convite da Frísia