Publicado em 16/06/2015 15h04

Ainda é cedo para falar em entrar no mercado de milho, diz secretário

Especialistas do setor privado consideram inevitável que o governo subvencione a comercialização do cereal nesta safra
Por: Raphael Salomão

milho

Ainda é cedo para falar em atuação do governo no mercado de milho, embora se considere essa possibilidade. Foi o que afirmou o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura (SPA/Mapa), André Nassar, durante o seminário Perspectivas para o Agribusiness 2015/2016, promovido pela BM&FBovespa e pelo Ministério, em São Paulo.

“Tudo depende dopreço. Se cair abaixo do mínimo, temos que entrar. Se precisar, vamos intervir. O governoestá se preparando”, disse o secretário. “Alguma intervenção deve ter, mas ainda é cedo para dizer”, acrescentou Nassar.

Durante a cerimônia de abertura do seminário, a ministra da Agricultura, Kátia Abreu, destacou a expectativa de larga oferta de milho de segunda safra no Brasil. “Isso traz certa preocupação”, disse a ministra.

“Nós temos 50 milhões de toneladas de milho que vão entrar no mercado, dificuldade delogística, as exportações estão baixas e você te umcusto de frete que praticamente inibe a exportação”, avalia o consultor João Pedro Cuthy Dias, destacando que, em maio, as vendas externas do cerealforam de 38 mil toneladas para uma necessidade de 20 milhões. “Vai ocorrer um momento em que o mercado vai ficar abaixo do mínimo.”

O sócio-diretor da Agroconsult, André Pessôa, também acredita na possibilidade de intervenção do governo no mercado de milho. Sua previsão mais recente é de uma safrinha de milho de 52,5 milhões de toneladas, que, segundo ele, deve ser revisada. “Esse número vai ficar para trás”, disse ele. Somando com a safra de verão, a produção total deve ser de 83 milhões de toneladas na safra 2014/2015.

“A boa notícia é que já tem uma grande parcela dessa safrinha já está comercializada”, disse ele, considerando que, em Mato Grosso, essa proporção esteja atualmente em torno de 60%. “Mas eu acho que vamos ter em algumas regiões, sobretudo norte de Mato Grosso, a ocorrência de preços abaixo dos mínimos, o que abre a possibilidade do governo intervir.”

Na avaliação dele, há um espaço para a entrada do governo especialmente na transferência de cereal do Centro-oeste para o Sul do Brasil. André Pessôa lembrou que a safra no sul foi menor que a do ano passado e setores como aves, suínos e pecuária leiteira estão crescendo. Na região centro-sul do Brasil, a demanda por milho deve crescer até 2,5 milhões de toneladas.

“Como produziu menos e a demanda sobe, a tendência é de estoques menores. Não vai faltar milho, mas haveria espaço para transferir uma parte do estoque do Centro-oeste para o Sul e Sudeste”, disse. Outra possibilidade, de acordo com o consultor, é o próprio governo adquirir milho para compor estoques oficiais que, atualmente, estão em 1,58 milhão de toneladas, de acordo com dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).