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Publicado em 23/03/2015 12h26

Abates recuaram 8% em MT

Mato Grosso fechou 2014 mantendo posição de líder em volume de abates bovinos no país. No entanto, o Estado que detém o maior rebanho comercial de bois e vacas do país, declinou do recorde atingido em 2013, encerrando o ano passado com queda de 8,3%.
Por: Diário de Cuiabá

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Conforme dados divulgados na sexta-feira pelo IBGE, por meio da Pesquisa de Produção Animal, a queda estadual superou, e muito, a média nacional, de -1,5%. Em 2014 foram levados aos frigoríficos pouco mais de 5,35 milhões de cabeças, contra 5,83 milhões em 2013, volume histórico. Conforme o Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso (Indea/MT), 2013 foi de recorde, mas com saldo de 6 milhões de animais abatidos.

No país, o abate registrou retração de 1,5%, em relação ao acumulado de 2013, tendo atingido 33,90 milhões de cabeças. Além de Mato Grosso, foram destaques Mato Grosso do Sul, São Paulo, Goiás e Minas Gerais.

Observando o comportamento trimestral – como o IBGE organiza e divulga os dados – em todos os quatro momentos avaliados, o desempenho sempre esteve aquém do realizado em 2013. Naquele ano, por exemplo, o pico de abate foi no terceiro trimestre quando mais de 1,54 milhão de cabeças foram abatidas. Já no ano passado o melhor momento ficou para o quarto trimestre, quando 1,37 milhão de cabeças seguiram para os matadouros.

Como explica o gerente de projeto da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Fábio da Silva, no ano passado o segmento sentiu o impacto da falta de animais prontos para o abate e da estiagem de 2013. “A oferta de gado terminado reduziu e isso limitou a movimentação das indústrias”. E como frisa, em 2015, os primeiros balanços de abate mostram o prolongamento dessa escassez.

A falta de animais terminados reflete uma movimentação iniciada em 2011 que levou ao descarte de um número significativo de fêmeas, impactada pela seca do ano anterior. “Sem vaca, não há bezerro e não há animal pronto para o abate”. O descarte de vacas foi consequência de um ciclo de baixas vivenciado pelo segmento pecuário. E quando a rentabilidade aperta, o pecuarista se desfaz das fêmeas, como forma de girar capital para manutenção da atividade. E essa estratégia acaba comprometendo o crescimento natural dos rebanhos. “Quando a oferta passou estar mais restrita, a arroba se valorizou e levou e um outro movimento, agora o de retenção das fêmeas”.

Silva destaca que com o peso da oferta mais limitada, houve naturalmente a preocupação em reter as vacas, algo que começou de forma tímida no ano passado. “Mesmo com a atividade em melhor patamar de rentabilidade, tanto pela valorização da arroba como dos animais, o bezerro, por exemplo, ainda deveremos levar de dois a três anos para equilibrar a oferta e demanda. Até lá, conforme os fundamentos atuais, o mercado seguirá favorável ao pecuarista”. Os preços nominais para a arroba e para o bezerro, em R$ 130 (boi) e de R$ 1,2 mil, respectivamente, são históricos para o Estado. “Queda no ritmo de abates se dá por escassez e não por problemas conjunturais e por isso o preço segue firme, mesmo com baixas no descarte”.

HORIZONTE – Um macho é considerado pronto para abate a partir de 24 meses, e avaliando esse estoque de bois, o que se vê, como aponta o analista, “é 2015 sendo marcado como o pior ano para machos prontos ao abate, do ponto de vista da oferta”. A oferta só deve voltar ao pico em 2018. “Enquanto isso, o pecuarista vai vivenciando o ciclo de alta e recuperando margens, depois de ciclos seguidos de baixas. Então é o momento para investir na atividade, reformar pastos, cercas, enfim, fomentar a criação para que no novo ciclo de baixas ele possa atravessar sem perdas, evitando alto descarte

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