A cotação do trigo para o primeiro mês cotado registrou uma leve alta nesta semana, fechando a quinta-feira (19) em US$ 5,65 por bushel, após US$ 5,63 na semana anterior, segundo análise da Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário (CEEMA). Na segunda-feira (16), o preço havia atingido US$ 5,78, refletindo a volatilidade do mercado diante das incertezas globais.
Nos Estados Unidos, a colheita de trigo de primavera alcançou 92% da área até 15 de setembro, superando a média histórica de 90%. Ao mesmo tempo, o plantio da nova safra de trigo de inverno avançou para 14%, levemente acima dos 13% da média histórica. Em termos de exportações, os EUA embarcaram 556.901 toneladas de trigo na semana encerrada em 12 de setembro. Desde o início do ano comercial, em 1º de junho, o país já exportou 6,9 milhões de toneladas, superando o volume de 5,1 milhões do mesmo período em 2023.
No cenário internacional, as tensões decorrentes da guerra entre Rússia e Ucrânia seguem impactando o mercado. Um recente ataque russo a um navio graneleiro ucraniano carregado com trigo, a caminho do Egito, ocorrido próximo à Romênia, aumentou as incertezas sobre a segurança no Mar Negro. A Central (CEEMA) destacou que "esse incidente eleva os custos de frete e seguro na região, o que pode afastar compradores e beneficiar países como Brasil e EUA, especialmente em milho e trigo".
Apesar das tensões, a Rússia mantém forte presença no mercado exportador, com o trigo russo sendo negociado a US$ 201,75 por tonelada FOB no Mar Negro, o menor valor desde 2019. Este cenário ocorre mesmo com a redução da produção russa, estimada em 83 milhões de toneladas, 9 milhões abaixo do recorde da safra 2022/23.
Por outro lado, a França, maior produtora de grãos da União Europeia, vive um de seus piores momentos. O Ministério da Agricultura francês revisou para baixo a estimativa de produção de trigo macio, agora projetada em 25,8 milhões de toneladas, o menor volume desde 1986. As exportações francesas para fora do bloco europeu devem sofrer uma queda drástica de 61%, atingindo apenas 4 milhões de toneladas.
A Central Internacional de Análises (CEEMA) aponta que, com a menor oferta europeia e as incertezas no Mar Negro, a demanda global por trigo poderá se redirecionar para os EUA, que podem ver um aumento de pedidos.