Guilherme Sanches da CROPMAN - Inteligência em Diagnósticos de Solos, relata que desde que começou a trabalhar com pesquisa na cultura de cana-de-açúcar, a questão do Nitrogênio (N) sempre foi controversa. Ele observa que a maioria das abordagens para o uso de Nitrogênio parte do princípio de "aplicar mais onde se produz mais ou onde há maior potencial produtivo".
Sanches, no entanto, sempre questionou esse princípio e, nos últimos anos, dedicou parte de sua vida acadêmica à investigação dessa questão. “O primeiro resultado de pesquisa, uma extensão revisão bibliográfica, publicada na Plant&Soil, evidenciou o contrário, isto é, locais de maior potencial produtivo podem receber quantidades menores de N por tonelada produzida”, comenta.
“O segundo resultado, já a nível de campo e apresentado abaixo, também corrobora com os achados da revisão citada acima. Locais de maior potencial produtivo (parcelas de maior Condutividade Elétrica Aparente do Solo - Plot HC) tiveram resposta linear decrescente com a dose de N em dois anos consecutivos, isto é, não é necessário altas doses de N para que a planta expresse sua máxima produtividade. Já no Plot LC (Baixa Condutividade Elétrica Aparente do Solo) o resultado evidenciou que é possível encontrar uma dose ótima, que no caso da lavoura abaixo está por volta de 110 kg N/ha para ambos os anos”, completa.
Com a transição para um sistema de colheita de cana completamente mecanizado, a deposição significativa de palha sob a superfície do solo tem promovido a ciclagem de nutrientes. Isso beneficia locais de maior potencial produtivo, ricos em matéria orgânica e com maior quantidade de restos vegetais da colheita, proporcionando uma capacidade superior de fornecimento de Nitrogênio (N) às plantas em comparação com locais de menor potencial. Essa dinâmica sugere uma necessidade de ajuste na suplementação do solo com fertilizantes sintéticos, adotando-se uma abordagem de "adubar menos onde se produz mais ou onde há maior potencial produtivo".