As cotações da soja registraram oscilações significativas nesta semana, impulsionadas principalmente pelas expectativas em torno do relatório de oferta e demanda do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), divulgado em 12 de junho. Segundo dados da Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário (CEEMA), o preço da soja fechou nesta quinta-feira (13) em US$ 11,89 por bushel, uma leve queda em relação aos US$ 12,00 registrados na semana anterior. No dia anterior ao relatório, a cotação estava em US$ 11,77 por bushel, evidenciando um recuo acentuado no valor do farelo de soja em Chicago nos primeiros dias de junho.
O relatório do USDA trouxe poucas novidades em relação ao mês de maio. A previsão para a nova safra de soja dos EUA permaneceu em 121,1 milhões de toneladas, enquanto os estoques finais foram ajustados para cima em 270 mil toneladas, totalizando 12,38 milhões de toneladas. No cenário global, a produção de soja foi mantida em 422,3 milhões de toneladas, com os estoques finais mundiais recuando 600 mil toneladas, para 127,9 milhões de toneladas. As produções do Brasil e da Argentina continuaram em 169 milhões e 51 milhões de toneladas, respectivamente, enquanto a do Paraguai foi mantida em 10,7 milhões de toneladas. As importações chinesas de soja foram projetadas em 109 milhões de toneladas, sem alterações em relação ao mês anterior.
Nos EUA, o plantio de soja atingiu 87% da área esperada até o dia 9 de junho, superando a média histórica de 84%. Cerca de 70% da área estava germinada, comparado a 66% na média histórica, e 72% das lavouras estavam em boas a excelentes condições, contra 59% no ano anterior. Na semana encerrada em 6 de junho, os EUA embarcaram 231.002 toneladas de soja, um volume levemente acima do mínimo esperado pelo mercado, mas 17% abaixo do registrado no mesmo período do ano anterior, totalizando 40,5 milhões de toneladas no atual ano comercial.
A China importou 10,22 milhões de toneladas de soja em maio, uma queda de 15% em relação ao recorde de maio de 2023. Nos primeiros cinco meses de 2024, as importações chinesas totalizaram 37,4 milhões de toneladas, 5,4% abaixo do mesmo período do ano anterior. A maioria dessas importações veio do Brasil, que, em 31 de maio, exportou 50 mil toneladas de soja livre de desmatamento e conversão para a China, destacando um movimento crescente do país asiático em busca de produtos mais sustentáveis.
No Mercosul, o Paraguai exportou 1,13 milhão de toneladas de soja em maio, um aumento de 34% em relação a abril, após meses de paralisações nos embarques devido aos baixos níveis dos rios. Até o final de maio, as exportações totais de soja paraguaia atingiram 4,6 milhões de toneladas. Na Argentina, as vendas de soja subiram para 20,2 milhões de toneladas no início desta semana, com 94% da área colhida até a semana anterior. A expectativa é de uma colheita de 49,7 milhões de toneladas neste ano.
No Brasil, a desvalorização do real para R$ 5,40 por dólar impulsionou os preços da soja, que variaram entre R$ 116,00 e R$ 125,00 por saco nas principais regiões produtoras. A comercialização da safra atual acelerou, alcançando 64,6% da produção estimada até 10 de junho, em comparação com 56,7% no mesmo período do ano anterior. No Mato Grosso, a comercialização da futura safra atingiu 16,5% na semana atual, com projeção de colheita de 43,7 milhões de toneladas.
O mercado nacional de soja foi afetado pelas incertezas em torno da Medida Provisória 1.227/24, proposta pelo governo federal no início de junho. A medida altera a forma como os créditos do PIS/Cofins podem ser utilizados, o que pode resultar em uma redução de R$ 5,00 a R$ 8,00 por saco no preço pago ao produtor. Análises indicam que, a curto prazo, a medida pode elevar os preços da soja da safra antiga, mas, a longo prazo, pode reduzir os preços, especialmente no mercado interno. As discussões políticas sobre o assunto continuam, sem uma definição final.