Pomar destruído durante temporais no Rio Grande do Sul. Foto Divulgação
Após levantamento feito com pecanicultores atingidos pelas fortes chuvas e enxurradas apresentar uma perda na safra de 80%, o Instituto Brasileiro de Pecanicultura (IBPecan) encaminhou documento com relatos dos prejuízos e, principalmente, solicitações aos governos Estadual e Federal. O objetivo é demonstrar a situação das propriedades e indústrias e garantir apoio para que o produtor tenha como se recuperar das perdas e se preparar para a safra seguinte. O documento foi enviado ao governador Eduardo Leite e ao vice-presidente da República, Geraldo Alckmin.
Conforme o presidente da entidade, Eduardo Basso, a safra de 2024, já afetada pelos três anos de secas e também pelo excesso de chuvas no período da polinização e poucas horas de frio no inverno passado, chegaria, no máximo, a 5 mil toneladas. “Agora, com as últimas enchentes, o IBPecan adotou como número geral uma perda média de 80% da colheita em relação ao ano passado. Vamos colher apenas 20%, ou seja, em 2023 tivemos uma produção de cerca de 4,5 mil toneladas e este ano a colheita no Rio Grande do Sul ficará entre mil e 1,5 mil toneladas", estima o presidente. Ele também conta que no documento enviado aos gestores foi quantificado o valor das perdas.
O documento divide as necessidades dos pecanicultores em quatro diferentes pleitos e tem um valor total de solicitações superior a R$ 260 milhões. O primeiro pleito é o da criação de uma linha de financiamento para reconstrução dos pomares. São pouco mais de R$ 112 milhões, frente a um investimento estimado de R$ 1,2 bi (levando em consideração o tempo médio de sete anos para maturação de uma pomar).
O segundo, voltado à qualificação dos produtores, profissionais e de boas práticas, prevê a criação de um fundo para que Embrapa, Emater e Universidades possam orientar e qualificar os produtores nessa fase de reconstrução. O valor total estimado é de R$ 50 milhões, sendo R$ 20 mi para uso imediato e o restante para médio prazo.
Também para ações de curto prazo, o terceiro pleito do IBPecan é o da criação de uma linha de financiamento para reconstrução do capital de trabalho. O valor pedido é de mais de R$ 65 milhões, com cinco anos de prazo de amortização. Voltado ao capital de trabalho da indústria, o pleito 4 prevê linhas de financiamento para uso imediato da indústria na recomposição do capital de trabalho, além da prorrogação do vencimento das linhas de custeio de amortização dos investimentos que vencem em 2024.
Antes de encaminhar aos governantes os pleitos da categoria, o IBPecan mostrou os dados em reunião extraordinária da Câmara Setorial da Noz-Pecã, realizada nesta quarta-feira, 29 de maio. Ao final, Eduardo Basso fez uma observação de que a indústria tem a alternativa, neste momento, de buscar produtos em outros países. “E isso é riqueza que, em vez de ficar dentro da nossa cadeia de produção, vai para outro lugar. Quero chamar a atenção das nossas autoridades para que não se perca a esperança dos produtores brasileiros. Vamos fazer esse pessoal acreditar. Vamos dar os recursos, porque, caso contrário, nós vamos mandar esses recursos para fora do país”, alertou o dirigente. Também participaram da reunião da Câmara Setorial, representantes da Emater, da Embrapa, da Secretaria Estadual da Fazenda e dos bancos Banrisul, Sicredi e BNDES.