Publicado em 23/05/2024 19h23

Enchentes no Rio Grande do Sul agravam situação do produtor de leite gaúcho

Gadolando envia documento para autoridades pedindo medidas emergenciais ao setor leiteiro que já vinha enfrentando dificuldades e agora sofreu enormes perdas.
Por: Nestor Tipa Júnior


Propriedade atingida. Foto Divulgação

A reconstrução do setor leiteiro gaúcho após as enchentes que atingiram o Estado passa pela necessidade de medidas governamentais que ajudem o produtor, que já vinha  de uma situação difícil, a se reerguer e permanecer na atividade. A Associação dos Criadores de Gado Holandês do Rio Grande do Sul (Gadolando) enviou documento para as Secretarias da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), da Fazenda e do Desenvolvimento Rural com a solicitação de ações direcionadas ao setor. A entidade também repassou o texto aos presidentes de Sindicatos Rurais e para a Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag), cujos representantes estão em Brasília (DF) em busca também de soluções para o setor.

De acordo com a Gadolando, os produtores de leite precisam de forma emergencial de recursos a juros muito baixos e com prazos estendidos. “É importante que se entenda que não basta dar comida hoje e amanhã aos animais, existe uma longa jornada pela frente para este setor que já vinha sofrendo”, alerta o presidente da entidade, Marcos Tang. Segundo ele, nas regiões dos Vales e da Serra chegaram muitas doações de alimentos para as vacas vindas de produtores de diferentes estados, “mas vão acabar”. “A produção própria levará  meses e por isso serão necessários recursos para comprar o alimento que terá que vir de fora e encarecerá ainda mais devido ao frete”, enfatiza o dirigente.

Marcos Tang também ressalta o custo elevado para a reconstrução das instalações destruídas pelas águas nas propriedades leiteiras. Informa que na parte dos equipamentos em geral, desde a ordenhadeira, tanques, bombas, trator, geradores e muitos outros utensílios fundamentais, alguns poderão ser consertados mas outros terão que ser comprados. O presidente da Gadolando também lembra da necessidade de ressemear os pastos. “A maioria já havia gasto altos valores com a semeadura das pastagens de inverno. Tudo foi lavado. As sementes de azevém, aveia, etc, estão em um preço de difícil acesso para os produtores de leite”, pontua.

A recuperação do solo é outro fator abordado por Tang no documento. Coloca que as chuvas e correntes de água foram tão intensas que lavaram o solo fértil, portanto, a necessidade da recuperação. “E, novamente, são altos valores a serem investidos. Caso não se recupere o solo, as próximas safras já estarão comprometidas”, desabafa, lembrando, ainda, a demanda de manter o plantel, a sanidade, o bem-estar, a reprodução e a criação de terneiras. Enfatiza também que muitos produtores perderam animais. “Tudo na propriedade leiteira é de médio a longo prazo. A terneira que nasce hoje, será  a nossa vaca daqui a dois anos. Este ciclo está ameaçado em muitas propriedades”, ressalta.

Outro ponto levantado pela Gadolando é o custeio agrícola. Conforme Tang, praticamente todos os produtores foram afetados, em diferentes graus de severidade, e precisam ter anistia, abatimento ou prorrogação. “Eles têm que começar a pagar este custeio e não possuem  a mínima condição de efetuar estes pagamentos”, destaca.

O presidente da Gadolando afirma que o setor leiteiro é o que mais mantém as pessoas na área rural, com um trabalho de 365 dias ao ano e, no mínimo, duas ordenhas diárias. “O setor vem sofrendo há muito tempo com o clima que dificulta a produção de alimento, além do custo de produção elevado, concorrência desleal com o produto importado e trabalhando sem margem de lucro. Agora, com esta tragédia, ou socorrem o setor ou a desistência será enorme e teremos uma conta conjunta socioeconômica caríssima a ser paga por toda a sociedade”, alerta Marcos Tang, pedindo para que salvem os produtores de leite.

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