A Embrapa está apresentando duas cultivares de girassol durante a AgroBrasília 2024, feira agrícola a ser realizada de 21 a 24 de maio, em Brasília (DF): a BRS 422 e a BRS 323. Durante o evento, além do portfólio de cultivares, será apresentado o sistema de produção dessa cultura para produtores de diferentes regiões, para prospecção de parceiros para produção de sementes e oferta das cultivares no mercado.
O destaque do portfólio é o novo híbrido de girassol BRS 422, que associa alta produtividade com ampla estabilidade, características que facilitam sua utilização nos diferentes sistemas de produção. Entre as caracterísitcas da cultivar, destaca-se ainda o elevado teor de óleo (entre 39 a 43%). De acordo com o pesquisador Cláudio Portela, da Embrapa Soja, o início do florescimento desse híbrido ocorre entre 56 a 67 dias após a emergência e a maturação, entre 85 a 107 dias. “Esse híbrido apresenta grão marrom claro com listras branco acinzentadas, sendo indicado para cultivo nos estados de Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Rondônia, São Paulo e para o Distrito Federal”, informou.
“O Cerrado tem condições de cultivar girassol. Nós já colhemos aqui 4,5 mil quilos de girassol por hectare, em cultivo irrigado, em Tocantins. Com a qualidade dos materiais desenvolvidos pela Embrapa e com o manejo adequado, podemos mostrar aos produtores que eles podem conseguir altas produtividades”, garantiu o pesquisador da Embrapa Cerrados, Renato Amabile, ao público da AgroBrasília. O novo híbrido está em fase pré-comercial e terá processo público de oferta de sementes ainda em 2024, quando serão selecionados produtores de sementes para oferta comercial.
Outra cultivar que apresentada na Agrobrasília é a BRS 323. Ela associa produtividade com precocidade, características que facilitam sua utilização nos diferentes sistemas produtivos das principais regiões agrícolas do País. “Esse é o primeiro material registrado com resistência a nematoides-das-galhas e já disponível no mercado, principal praga que afeta a cultura na região. Os materiais vindos da Argentina e da Bolívia não têm essa característica”, enfatizou Amabile.
Essa cultivar híbrida é indicada para os estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe e para o Distrito Federal.
Produtores de grãos e de sementes interessados nas duas cultivares podem se cadastrar no site (https://lp-cnpso.comunica.embrapa.br/girassol-brs-422) e acompanhar o processo de lançamento do edital de oferta das sementes, que será realizado ainda neste ano. O atendimento da demanda por sementes será iniciado em 2024/2025.
A cultura do girassol apresenta ampla adaptabilidade às condições de clima e solo brasileiros, com maior tolerância à seca, ao frio e ao calor do que a maioria das espécies anuais. “Por isso, é uma opção para compor os sistemas de rotação e/ou de sucessão de culturas, favorecendo a diversificação”, afirmou Renato Amabile.
O híbrido BRS 422 foi desenvolvido pela Embrapa Soja (PR) em parceria com a Embrapa Cerrados (DF), Embrapa Rondônia (RO), Embrapa Tabuleiros Costeiros (SE), Embrapa Clima Temperado (RS), Embrapa Meio Ambiente (SP) e Embrapa Gado de Leite (MG). A BRS 323 também foi desenvolvida pela Embrapa Soja em parceria com a Embrapa Clima Temperado (RS), Embrapa Tabuleiros Costeiros (SE), Embrapa Rondônia (RO), Embrapa Cerrados (DF), Embrapa Meio Ambiente (SP), Embrapa Meio-Norte (PI), Embrapa Trigo (RS), Embrapa Gado de Leite (MG) e Embrapa Amazônia Oriental (PA).
Dois novos temas foram lançados na plataforma Ater+Digital, espaço que reúne ferramentas e conteúdos sobre as principais culturas alimentares, tendo como foco o apoio à Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) do País.
Silvia Satiko Mori, pesquisadora da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (DF), informou ao público da feira que a plataforma dispõe de uma organização por hubs virtuais, sobre cadeias produtivas agropecuárias e temas transversais. A pesquisadora explicou que, para ter sucesso, é preciso que a rede da Ater acesse os conteúdos. “Já estamos com um projeto-piloto com a Emater-DF para capacitar o público para utilizar o espaço e a integração do informação de conteúdo e divulgação pelo chatbot [assistente virtual] da própria Emater”, informou.
Na AgroBrasília, foram apresentados os hubs de batata-doce e de suínos. Henrique Carvalho, chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Hortaliças, responsável pelo primeiro hub, enfatizou a necessidade de melhorar a produtividade das lavouras: “Com conhecimento obtido na plataforma, o produtor pode alcançar bons rendimentos. O consumo de batata-doce no Brasil tem se ampliado ao longo dos anos. Há necessidade de provocar o aumento da produção com qualidade. No Brasil, a produtividade ainda é muito baixa, cerca de 14 toneladas por hectare, e as cultivares que temos no mercado podem chegar a 70 toneladas por hectare. Temos cultivares altamente produtivas, mas precisamos aumentar nosso nível técnico no campo”, alertou.
Já o chefe de Transferência da Embrapa Suínos e Aves lembrou que a suinocultura brasileira é predominantemente exportadora e os suinocultores recebem assistência técnica da indústria. No entanto, há outro público importante, o suinocultor familiar, que produz para mercados locais, regionais e mesmo para o próprio consumo, que não têm esse contato direto com a indústria. “Esses suinocultores precisam de receber informações adequadas para conduzir sua produção. Para esse público e para a Ater, no hub de suínos, temos recomendações em formato de texto, vídeo, podcast, programas de rádio – uma série de ferramentas de comunicação simples e direta para facilitar a interlocução com esse público”, explicou. Outros hubs já disponíveis na Ater+Digital são: apicultura; caprinos e ovinos; feijão; feijão-caupi; mudanças climáticas; nutrição e saúde; sistemas agroflorestais.
As palestras “Aspectos técnicos do cultivo da canola na safrinha do Cerrado” e “Cultivares de gramíneas e leguminosas forrageiras para o Cerrado” foram apresentados pelos pesquisadores Bruno Laviola, da Embrapa Agroenergia, e Gustavo Braga e Allan Kardec Ramos, da Embrapa Cerrados, respectivamente.