Publicado em 21/05/2024 10h29

Empresa reproduz em laboratório, gigante dos rios brasileiros

Projeto inovador no interior de São Paulo contribui para preservação do peixe pintado, espécie que pode atingir até 2 metros e pesar 100 quilos.
Por: Igor Galante

No município de Salto Grande, interior paulista, um projeto inovador desenvolvido por técnicos e especialistas da CTG Brasil, uma das líderes em geração de energia limpa no País, visa garantir a sobrevivência da espécie de peixe pintado – um gigante brasileiro de água doce – por meio da reprodução em laboratório.

Norberto Vianna (à dir.) conduz o trabalho de reprodução em Salto Grande (SP)

Segundo a Portaria nº 148 do Ministério do Meio Ambiente, de 7 de junho de 2022, o pintado é considerado uma espécie “vulnerável”, ou seja, enfrenta elevado risco de extinção na natureza, a menos que as circunstâncias que ameaçam sua sobrevivência e reprodução sejam revertidas.

Para mitigar esse risco, a CTG Brasil começou a desenvolver, em sua Estação de Piscicultura, em Salto Grande, estudos para reprodução induzida do pintado, dentro de seu Programa de Manejo e Conservação da Ictiofauna.

A captura dos primeiros peixes nativos da espécie, para formação do plantel de reprodutores na Estação de Piscicultura, teve início em 2021. Ao longo de 2022, os peixes precisaram passar por um período de adaptação em cativeiro, ao mesmo tempo em que a técnica de reprodução era aprimorada. No início de 2023, foram realizadas as primeiras solturas, de aproximadamente 20 mil pintados juvenis. E no início desse ano, mais 30 mil peixes desta espécie foram soltos.

A reprodução do pintado em cativeiro é um processo complexo, que começa na coleta e seleção de reprodutores, anestesia, indução hormonal, extrusão, incubação, larvicultura e alevinagem.

Sobre a espécie – Chamado pelo nome científico Pseudoplatystoma corruscans, o pintado é uma espécie nativa dos rios Paranapanema e Paraná, na divisa entre São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul, mas distribuída por várias bacias brasileiras, com maior importância no Pantanal e na Bacia do Rio São Francisco. 

De hábito alimentar carnívoro, alimenta-se de outras espécies de peixes. Suas fortes mandíbulas – dotadas de numerosos dentículos – impossibilitam que a presa consiga fugir. O pintado ainda possui boca e estômago elásticos, que facilitam a captura de animais até de grande porte.

“Com ciclo de vida de até 18 anos, alguns exemplares podem alcançar 2 metros de comprimento e pesar 100 quilos. A poluição dos rios e a pesca predatória são suas principais ameaças”, explica o especialista de Meio Ambiente da CTG Brasil, Norberto Castro Vianna.

Sobre o programa – O Programa de Manejo e Conservação da Ictiofauna, promovido pela CTG Brasil, conta com a autorização Ibama. A realização deste programa é uma medida de mitigação exigida pelo licenciamento ambiental federal, conduzido pelo Ibama, das hidrelétricas operadas pela CTG Brasil, e seu objetivo é repovoar e garantir diversidade de peixes por meio da produção e soltura de espécies nativas. 

Os peixes utilizados no programa de repovoamento são produzidos na Piscicultura da CTG Brasil, em Salto Grande (SP). No laboratório, além da produção de peixes, são desenvolvidas pesquisas em parceria com universidades. 

Além do pintado, são reproduzidas na Piscicultura de Salto Grande espécies como piracanjuba, curimbatá, pacu, piapara, dourado, piau três pintas, lambari, entre outras, todas nativas dos rios Paraná e Paranapanema.

Desde 2016, quando a empresa assumiu a gestão do programa, foram soltos cerca de 25 milhões de peixes nas bacias dos rios Paraná e Paranapanema.

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