Publicado em 05/03/2024 11h02

Empreendedorismo feminino leva mulheres para vendas diretas no agro

Empresa pioneira no modelo de negócio que comercializa insumos e serviços para o campo incentiva a participação das mulheres
Por: Emerson Alves

Modelo de negócio bem sucedido em diferentes setores da economia nacional, as vendas diretas movimentam em torno de R$ 45 bilhões/ano no Brasil. O país está na sétima colocação mundial e na liderança do setor na América Latina, segundo dados da Associação Brasileira de Empresas de Vendas Diretas (ABEVD). Sobre os perfis dos empreendedores, as mulheres são maioria, ocupando 60% dos postos de trabalho. O formato comercial está consolidado, também, no agronegócio, com a adesão de milhares de mulheres à modalidade. 

 Os primeiros passos na comercialização de produtos e serviços agrícolas pelo sistema de venda direta foram dados há quatro anos, pela Produce, que conta com uma considerável participação feminina no formato colaborativo de negócio, mesmo em tempos de crise. O cofundador e vice-presidente da empresa, Guilherme Trotta, ressalta que as mulheres têm uma aptidão própria para esse tipo de negócio, que é realizado sem a necessidade de intermediários. “O mercado é competitivo e a principal estratégia é estreitar os laços com o produtor rural, é inegável que elas têm uma habilidade incrível para fazer essas conexões”, resume.

A plataforma de vendas disponibiliza um portfólio com mais de 600 itens, planejados para levar produtividade e tecnologia para as lavouras, otimizando a performance no campo. Sementes selecionadas de grãos, fertilizantes, defensivos, produtos veterinários e insumos biológicos são oferecidos, via aplicativo.

Atuando na Produce desde 2021, a engenheira agrônoma Luciana Maria Pereira afirma que conhecimento não escolhe gênero, por isso considera que o agro é, sim, também lugar para as mulheres. “Vendas é 100% relacionamento e o que importa é ter confiabilidade, transparência e honestidade. Somos importantes porque temos o nosso jeito de lidar com as situações, a mulher tem mais facilidade e é menos explosiva. Além disso, temos que estar sempre atentas ao mercado e atualizados com as novas tecnologias”.

Casada, com três filhos e duas netinhas, Luciana concilia o trabalho de consultora na Produce com o setor de atacado de alimentos e vê o sistema de vendas diretas como um facilitador para o produtor rural, pois não há a necessidade de deslocamento até uma loja física. “Trabalhamos com as necessidades do cliente, do plantio à colheita. Se ele precisa de um milho hibrido de milho especifico para silagem, por exemplo, eu tenho condições de oferecer também um inoculante, adubação, fertilizantes, químicos ou biológicos e até a lona para a silagem, dispomos de um pacote de opções, o que é muito mais cômodo para o comprador”, reforça. 

Luciana lembra que a Produce tem um grande mix de produtos, que possibilita o cliente fazer uma compra completa sem precisa buscar outra empresa fornecedora. “O produtor está entendendo e vendo com bons olhos, até porque a concorrência também está aderindo ao modelo de negócio”, complementa a profissional de 45 anos, um dos nove mil consultores (também chamados de producers) que atuam em todas regiões do Brasil. 

Guilherme Trotta destaca que a empresa não exige exclusividade dos consultores, sejam homens ou mulheres. E entre as vantagens, cita a autonomia, a flexibilidade de horários e a possibilidade de renda extra, com taxa de ganhos acima da média do mercado. “A mesma soja que eles vendem pela concorrência, podem comercializar também pela Produce, com a diferença que, conosco, eles vão ganhar 5% do total, muito mais do que os 2% habitualmente pagos. Além disso, são donos do próprio negócio e não têm custos extras”, exemplifica.

A Produce se encarrega da avaliação de crédito, entrega e cobrança. “Costumamos dizer que todo o processo é digital, mas com atendimento e assistência humanizados, tanto para o produtor rural como para o consultor. Precisamos é que esses profissionais estejam próximos ao cliente, para prestar assistência e ser o elo com a lavoura”, resume Trotta. “O grande risco é que o consultor ganha sempre, e ganha bem”, lembra o cofundador e v ice-presidente da empresa.  

Caroline Bueno é outro exemplo de mulher bem sucedida no time da Produce. Começou abrindo novos mercados no Mato Grosso de Sul e, há seis meses, foi transferida para o estado vizinho, passando a ser responsável técnica e de expansão na região Sul do Mato Grosso e no Vale do Araguaia. A engenheira agrônoma conta que gosta de desafios. “Hoje temos uma receptividade muito melhor por parte dos produtores rurais. Quando me formei, há nove anos, o preconceito e o receio eram bem maiores”. 

A profissional relata que tem uma rotina puxada, mas conciliável, porque é compartilhada com o marido que também é do agro. “A Produce é uma oportunidade muito grande e muito boa para obter um ganho extra. Temos vários outros exemplos de mulheres que estão se saindo bem e se destacando. O agro tem espaço para todas nós”, assegura Caroline. 

Luciana Pereira reitera que a Produce abriu as portas para uma mulher com pouca experiência e não exigiu exclusividade.  “Tive treinamento e formação, o corpo técnico me deu apoio e segurança para voltar a atuar na área. Ser mulher no agro é desafiador, mas é gratificante e as conquistas superam todos os obstáculos”.

Sobre a Produce - Criada em 2019, em Chapecó (SC), a Produce é uma empresa de capital aberto, com investidores nacionais e estrangeiros de diferentes áreas do mercado. Para atingir uma abrangência nacional, a empresa recebeu um aporte de R$ 100 milhões de um family office, em 2022. O sucesso do formato colaborativo na comercialização de insumos e produtos, além da assistência ao produtor, leva a empresa a projetar um crescimento de pelo menos 400% em 2024, em comparação ao ano passado. A Produce conta, hoje, com sete centros de distribuição, localizados no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás.

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