A relação entre nutrição e saúde, exemplificada pelos alimentos funcionais, é reconhecida, embora não seja uma ideia original, segundo o engenheiro agrônomo Décio Luiz Gazzoni e o médico Miguel Alves Pereira Jr. Nos últimos 30 anos, estudos foram realizados para entender as propriedades dos alimentos funcionais.
Imagem de Robert Owen-Wahl por Pixabay
Com maior conhecimento sobre os benefícios de certos alimentos e os malefícios de substâncias presentes na vida moderna, as pessoas passaram a valorizar mais alimentos benéficos à saúde. A associação desses alimentos à redução dos riscos de principais causas de mortalidade em países desenvolvidos contribuiu para a crescente aceitação dos alimentos funcionais.
“Mas os benefícios não se restringem à redução de riscos de doenças. Existem propriedades benéficas providas por substâncias presentes nos alimentos, que possuem ação específica sobre determinados processos fisiológicos ou bioquímicos do organismo humano. À guisa de ilustração, examinemos o caso dos hormônios estrogênio e progesterona, associados com o sistema reprodutor feminino, um dos temas que mais vem sendo estudado pelos pesquisadores de alimentos funcionais.
Os hormônios atuam no organismo através de ligações semelhantes a conexões elétricas. A “tomada” no organismo é chamada de receptor, que são proteínas existentes nos órgãos onde os hormônios devem atuar. Assim como existem diversos padrões de conexões entre plugs e tomadas, isto também ocorre entre os hormônios e seus receptores. Apenas quando a conexão é perfeita o hormônio manifesta sua ação”, dizem, em um artigo para o Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS).
As células de vários órgãos, como útero, ovário e mama, possuem proteínas receptoras para estrógenos, os quais se ligam para cumprir funções bioquímicas ou fisiológicas. Sob certas condições, os estrógenos podem causar danos celulares, incluindo potencial carcinogênico por alterações no DNA.
Substâncias como isoflavonas, presentes em alimentos como linhaça ou soja, têm uma estrutura semelhante a hormônios e se ligam aos receptores hormonais como estrogênios "fracos". Devido à sua baixa atividade, essas substâncias não afetam o código genético, proporcionando propriedades preventivas ou redutoras de risco para alguns tipos de tumores malignos.