Publicado em 27/10/2023 23h47

Brasil estoca no solo o equivalente a 70 anos de emissões de CO2

Estudo do MapBiomas mostra a importância da preservação da mata nativa e do agronegócio sustentável para mitigar as emissões de CO2.
Por: Agência Brasil

Um levantamento do MapBiomas indica que o Brasil estoca no solo o equivalente a 70 anos de emissões de CO2. O estudo indica a importância da manutenção de matas nativas e de técnicas menos nocivas na agricultura e na pecuária como forma de frear o aquecimento global.

O carbono é um dos elementos químicos mais presentes no universo. Ele pode adquirir diferentes formas dependendo do seu estado, e sua configuração eletrônica permite que ele forme diversos compostos estáveis. Essa versatilidade faz que o carbono seja um elemento essencial para a vida, além de estar presente em diversos produtos fundamentais para o cotidiano humano, como grafite, plásticos e combustíveis.

Quando é estocado no solo através da cobertura vegetal, o carbono pode ser liberado em forma de gás carbônico para a atmosfera, seja por queimadas, seja pelo desmatamento, seja pela atividade agropecuária. Quando isso ocorre, a concentração de CO2 na atmosfera aumenta, intensificando o efeito estufa e o aquecimento global.

Em que regiões se concentram os estoques de carbono?

O estudo do MapBiomas mostrou que o Brasil estoca cerca de 37,5 bilhões de toneladas (gigatoneladas — Gt) de carbono orgânico do solo (COS). Destes, 23,4 Gt COS cerca quase dois terços (63%) estão em áreas com cobertura nativa estável. As áreas ocupadas pelo homem estocam apenas 3,7 Gt COS desse total. 

Isso demonstra o quanto a atividade humana liberou de CO2 na atmosfera ao longo dos anos. O volume estocado é equivalente ao total emitido em 70 anos, quando considerada a média de CO2 lançada na atmosfera atualmente.

Os biomas que apresentam maior estoque médio de carbono são a Mata Atlântica e os Pampas, com média de 50 toneladas por hectare (50 t/ha) e 49 t/ha respectivamente. Na Floresta Amazônica a média é de 48t/ha, porém, pelo tamanho da floresta, sua importância é maior em números absolutos, sendo responsável por estocar 19,8 Gt COS. A Caatinga é o bioma com menor média de concentração, cerca de 31t/ha.

Importância da conservação

O solo é um dos grandes reservatórios de carbono do planeta, junto dos oceanos, plantas e a atmosfera. As plantas absorvem o carbono da atmosfera no seu processo de crescimento e parte é destinado ao solo. Quando ocorre a degradação de áreas nativas, todo o carbono é liberado para a atmosfera, em um nível muito maior do que as plantas que restam podem absorver.

O gás carbônico é um dos gases responsáveis pelo efeito estufa, um fenômeno natural fundamental para impedir que os raios solares reflitam na superfície do planeta e se dissipem para o espaço. Assim, ele ajuda a manter a temperatura terrestre em níveis ideais para a vida no planeta. 

Entretanto, a atividade humana tem acelerado exponencialmente a liberação de carbono na atmosfera, além de desmatar a maior parte da mata nativa do planeta. Isso faz que a Terra aqueça acima dos padrões naturais, afetando diversas espécies e causando eventos climáticos extremos. Em última instância, o aquecimento global pode acabar com a vida no planeta.

Nesse sentido, o estudo do MapBiomas é fundamental. Ele demonstra as áreas que realizam o maior estoque de carbono e que, portanto, devem ser protegidas a todo custo. Além disso, estudos nesse sentido podem facilitar a compreensão da importância de aderir a técnicas sustentáveis de agropecuária, como a Integração Lavoura Pecuária Floresta (ILPF).

Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a ILPF é um método de produção que reúne, em uma mesma área, o plantio, a pecuária e a criação de floresta (silvicultura). O gás carbônico gerado pela atividade pecuária é absorvido pelas florestas e pelas plantas locais e volta para enriquecer e melhorar a qualidade do solo. 

Essa técnica garante baixas emissões de gás carbônico quando comparada à agropecuária comum, e aliada a outras técnicas de agricultura de baixo carbono, como a rotação de culturas pode garantir um agronegócio muito mais sustentável.

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