Publicado em 22/10/2014 13h39

Brasil espera preços melhores para exportar mais açúcar

O Brasil deve manter suas exportações de açúcar na próxima safra, segundo estimativa de Plinio Nastari, presidente da Datagro, consultoria do setor de açúcar e etanol que promove conferência internacional na área nesta segunda (20.10) e terça-feira (21.10), na capital paulista.
Por: ANBA - Agência de Notícias Brasil - Árabe

açuc

Os valores da commodity estão em baixa no mercado mundial e os produtores brasileiros devem privilegiar na safra 2014/2015, que começa em outubro, a produção de etanol, e não de açúcar, nas suas moagens de cana-de-açúcar.

A opção pelo etanol deve ser justamente uma forma de ajudar a fazer o mercado corrigir para cima os preços do açúcar, segundo Nastari. As cotações do açúcar se mantiveram baixas na safra 2013/2014, mas têm perspectiva de melhoria nos próximos anos, já que o déficit entre consumo e produção mundial ficará em 3,2 milhões de toneladas na próxima safra, segundo estimativa da consultoria Datagro. Na última safra houve superávit.

Os estoques mundiais, no entanto, ainda permanecerão altos, o que deve dificultar uma alta nos preços do açúcar no curto prazo. No final de setembro, a relação entre estoque e consumo mundial estava em 56,6%. No final de setembro do ano que vem, essa relação deve ser de 42,8%. Nastari acredita que os preços começarão a cair quando o percentual for menor que 42%. O Brasil deve exportar, na próxima safra, 23,95 milhões de toneladas de açúcar.

O Brasil deve produzir na safra 2014/2015 um total de 607,6 milhões de toneladas de cana, com as quais fará 35,06 milhões de toneladas de açúcar e 26,4 bilhões de litros de etanol. Nastari afirma que pelo menos até a primeira metade da próxima safra os produtores vão dar preferência ao etanol, assim como ocorreu na última safra. A expectativa de recuperação dos preços do etanol é maior do que a do valor do açúcar.

O setor espera que o etanol fique mais competitivo frente à gasolina no mercado brasileiro nos próximos meses com um possível aumento dos preços da gasolina e o retorno do imposto Cide sobre a gasolina. Atualmente os valores da gasolina ao consumidor são controlados pelo governo e têm subsídio, o que impede o etanol de ser mais competitivo e ganhar mercado. A estratégia vem sendo mantida para não descontrolar a inflação. No mercado internacional, porém, segundo Nastari, o preço do etanol brasileiro é competitivo.

O setor não tem boas perspectivas para a produção de cana de açúcar em função dos problemas que vem enfrentando. Segundo Nastari, desde 2009 as safras sofrem com problemas de clima, que não tem sido normal na região Centro-Sul, a maior produtora de cana do País. Somado a isso, o segmento passa por adaptação para a mecanização do plantio e da colheita e enfrenta problemas de competitividade em função dos preços baixos da gasolina.

O cenário fez com que as empresas da área acumulassem dívidas, vivessem a estagnação de investimentos e tivessem gastos com tecnologia abaixo do recomendado. Foram baixos os investimentos na própria lavoura, que deve se refletir ainda na produtividade da safra que vem. Segundo Nastari, as dívidas do segmento são de R$ 66 bilhões, acima da receita anual.

Apesar dos problemas internos, o Brasil ainda é visto como uma referência em etanol e açúcar no mercado mundial. Segundo o diretor executivo da International Sugar Organization, José Orive, que deu palestra na conferência, o Brasil é o “rei da montanha” na área de açúcar, e o resto do mundo o segue. Ele afirma que muitos querem saber mais sobre as ações do Brasil no setor de açúcar quando entram em contato com o organismo. Orive falou sobre a mudança do mercado da União Europeia a partir do ano 2017, quando os produtores locais, que fazem açúcar de beterraba, não terão mais um teto de produção e poderão produzir a quantidade que quiserem, entre outras medidas. Elas devem afetar o mercado mundial.

A 14ª Confererência Internacional Datagro sobre Açúcar e Etanol tem participantes de 32 países, segundo divulgado pela organização. O primeiro dia do encontro teve a presença de várias autoridades brasileiras, entre elas o ministro interino da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, José Geraldo Fontelles, e a secretária da Agricultura e do Abastecimento do Estado de São Paulo, Mônika Bergamaschi.

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