Publicado em 04/10/2023 11h54

'Brasil precisa reduzir em um ano a idade de abate dos bovinos', destaca especialista

Crescimento contínuo da população renova o desafio de aumentar a produção de alimentos para proporcionar segurança alimentar.
Por: Raphaela Candido

O mundo terá 9,7 bilhões de pessoas até 2050, prevê a Organização das Nações Unidas (ONU) – atualmente são cerca de 8,1 bilhões de habitantes. “Esse crescimento contínuo da população renova o desafio de aumentar a produção de alimentos para proporcionar a necessária segurança alimentar. E o Brasil tem importância vital nesse processo, especialmente com o aumento da produtividade da pecuária de corte. Precisamos investir mais em nutrição, saúde e genética para ter animais prontos para o abate um ano mais cedo. Atualmente, a idade média é de 42 meses; precisamos trabalhar para reduzir para 30 meses”, diz Eduardo Cavaguti, Consultor Técnico Beef da Trouw Nutrition.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil detém o maior rebanho comercial de bovinos do mundo (234 milhões de cabeças), além de ser o segundo maior produtor de carne bovina, com cerca de 9 milhões de toneladas por ano.  Porém, os índices zootécnicos ainda são medianos – mas podem melhorar bastante.

“Temos de trabalhar para o abate de bovinos com no máximo 30 meses de idade, que é a idade limite exigida pela China, país que absorve 50% das nossas exportações de carne vermelha. A redução da idade de terminação pressupõe salto do desfrute, pois o giro é mais rápido. Com isso, é possível produzir muito mais e em menos tempo. A taxa de desfrute saltaria de 33% para 50%. O aumento seria de até 51,5% no número de animais abatidos no mesmo período. Isso é produtividade”, ressalta Cavaguti.

O especialista da Bellman Trouw Nutrition explica que todo o ciclo de produção tem de ser feito com base na eficiência produtiva. “Isso inclui a seleção criteriosa de bezerros mais pesados. A qualidade do alimento fornecido aos animais também é de extrema importância. É crucial ofertar capim em quantidade e qualidade, assim como suplemento mineral, proteinado e proteico energéticos com aditivos”.

“O uso de proteicos aditivados resulta em aumento de 120 kg de peso corporal (PC) da desmama até os 30 meses de idade em comparação à mistura mineral convencional. Ou seja, com o PC de 210 kg aos sete meses de idade (desmama) e mais os 360 kg de ganho, o animal estará com 570 kg de PC ao abate. Se considerarmos um rendimento de carcaça de 53% serão 20,14 arrobas em dois anos e meio, o que equivale a uma produção de 6,85 arrobas de carcaça em 12 meses”, explica Eduardo.