Publicado em 22/10/2014 08h47

Safra: Cotações podem reverter

A projeção de escassez de soja em janeiro de 2015 e de milho no decorrer do próximo ano pode e já está de maneira tímida, influenciando nas ofertas recebidas pelos produtores mato-grossenses.
Por: Diário de Cuiabá

safra

O fundamento que descola da grande pressão que a supersafra norte-americana vem exercendo desde julho sobre os preços no mercado internacional é o clima que vai reduzir os volumes de soja em janeiro, durante ainda a entressafra brasileira do grão, bem como uma produção menor de milho na safrinha.

Há relatos de ganhos de até R$ 9 nos últimos 15 dias para saca de soja no norte do Estado e o milho vai deixando a casa dos R$ 12 e pode chegar, antes da virada do ano, a R$ 20, conforme projeções do segmento produtivo.

De acordo com a AgRural, a onda de tempo seco e muito quente que predomina na maior parte do Centro-Sul do Brasil continua dificultando, e em alguns casos até impedindo, o avanço do plantio da safra 2014/15 de soja. Em mais um levantamento, divulgado no último dia 17, a consultoria mostra que apenas 10% da área brasileira estava semeada, contra 19% no ano passado e 20% na média de cinco anos. É o índice mais baixo desde 2008/09. Em uma semana, o avanço foi de apenas 3 pontos percentuais. Em Mato Grosso, a semeadura passou de 8% para 11% em uma semana. Há um ano, 30% da área estava semeada.

Esse atraso na semeadura causa outros dois problemas, como frisa a analista da AgRural, Daniele Siqueira. Como explica, a demora na semeadura causa o estreitamento da janela de plantio da safrinha e o consequente aumento de seu risco climático, que já têm resultado em melhora das cotações e do volume de negócios no mercado brasileiro de milho. O outro é o alongamento da entressafra da soja, já que praticamente não haverá áreas prontas para colher em janeiro, mês em que o produtor que tem soja recém-colhida costuma conseguir preços acima da média devido à oferta ainda escassa do produto. Esse cenário atinge em cheio Mato Grosso, que é o maior produtor de grãos do país, pois é o primeiro a plantar soja e inicia a colheita logo depois do Natal, portanto, sendo o primeiro a colocar no mercado a nova safra.

Cálculos da AgRural apontam que Mato Grosso deve terminar janeiro com cerca de 5% de sua área colhida, bem abaixo dos 14% da média de cinco anos. Como também há atraso em outros estados, o Brasil encerraria o mês com cerca de 2% de sua área colhida, contra 6% na média de cinco anos.

O levantamento confirma que há relatos de necessidade de replantio em diversas regiões, mas os produtores dizem que só saberão o tamanho da área a replantar quando as chuvas retornarem, o que deve acontecer de forma mais regular somente na última semana de outubro. “O que será um peso extra do replantio no bolso do produtor, cujas margens já estão apertadas devido à queda dos preços da soja”, que segue na casa dos US$ 9/bushel, o menor valor dos últimos quatros anos. Na contramão, o preço médio do hectare plantado nessa safra, em Mato Grosso, é de R$ 2,40 mil, o maior da história local e quase 6% maior do que o contabilizado no ano passado.

BRASIL – Ainda conforme a AgRural, a estiagem cobre todos os grandes estados produtores de soja, como: Mato Grosso do Sul, que plantou 10% da área, ante 9% na semana passada e 30% em 2013, Goiás, com apenas 3% da área está semeada, contra 7% em 2013 e 17% na média de cinco anos e o Paraná, com 33% da área plantada, atrás dos 40% de 2013, mas em linha com os 32% da média de cinco anos.
 

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