Publicado em 09/05/2023 09h29

Conservação de forragem é fundamental no planejamento alimentar do rebanho

Doutora em zootecnia explica como o pecuarista pode enfrentar a estacionalidade de produção de forragem sem comprometer a dieta dos animais, em épocas de déficit hídrico e fotoperíodo
Por: RuralPress - Assessoria de imprensa

O planejamento alimentar do rebanho é parte fundamental da sustentabilidade da atividade pecuária e garante não só a saúde e o bem-estar dos animais, mas também a produtividade e a rentabilidade do sistema de produção. Neste sentido, um dos desafios que merecem a atenção do pecuarista se refere à estacionalidade da produção forrageira, que é o período do ano em que ocorre diminuição da produção das pastagens.

Ocorre que durante o período das águas, se o pasto for bem manejado, ele apresentará alta produção e alta qualidade, sendo este o período mais favorável para produção de forrageira e produtividade animal. Porém, quando se encerra o período das águas, inicia-se o período de estiagem que pode durar  até seis meses, dependendo da região do País. A redução não somente das chuvas, mas também de outros fatores ambientais, como fotoperíodo e temperatura, fazem com que a produção forrageira reduza consideravelmente.

Para que não haja comprometimento da alimentação e da produção animal, o pecuarista deve lançar mão de estratégias de conservação de forragem para uso no período da seca. De acordo com a doutora em zootecnia e técnica de Sementes e Sustentabilidade da Soesp - Sementes Oeste Paulista, Marina Lima, entre algumas das estratégias para enfrentar a estacionalidade de produção forrageira estão: o feno, silagem, pré-secado e diferimento de pastagens.

Feno e silagem

O feno e a silagem são as formas mais comuns de conservação e armazenamento de forragem, e são alimentos com características específicas. No processo de ensilagem, ocorre a fermentação da forragem na ausência de oxigênio, onde os açúcares presentes na forragem são convertidos em ácidos graxos, como o ácido lático e acético, que conservam o material por longos períodos , podendo ser armazenado e utilizado durante um ano. “A silagem é o produto final após a fermentação, já a ensilagem é todo o processo, desde o corte, armazenamento, compactação e vedação. E por sua vez, temos o silo, que é o local onde será armazenada a silagem, importante saber essa diferença”, destaca a especialista.

Na fenação, a forragem é desidratada até atingir entre 12 a 18% de umidade, onde o material está pronto para ser enfardado e armazenado. Com isso, o material é preservado.

A doutora em zootecnia ressalta que a escolha entre feno e silagem deve ser pautada em fatores edafoclimáticos da propriedade, categoria animal, objetivo da utilização, mão de obra, implementos disponíveis e custos de produção. Além desses aspectos, há a escolha das sementes forrageiras ainda antes do período da seca, mas já pensando como alternativa para as estratégias de conservação.

As sementes Soesp Advanced estão disponíveis nas espécies de Brachiaria spp. (Urochloa spp.) e Panicum maximum (Megathyrsus maximus), que atendem as necessidades de uso para a produção de feno e silagem. “A Soesp disponibiliza as sementes blindadas com a tecnologia Advanced. São aplicados dois fungicidas e um inseticida ao tratamento das sementes, garantindo uma maior proteção até sua germinação, além da alta pureza e viabilidade. Todo esse processo tecnológico assegura um valor cultural de 80% nas sementes de Brachiaria spp. e Panicum maximum.”, detalha a profissional.

Para a produção de silagem, é importante optar por forrageiras de alta produção de massa seca e valor nutritivo, como as cultivares de Panicum maximum: BRS Zuri, BRS Quênia e Mombaça. E dentre as cultivares de Brachiaria brizantha, podemos destacar: BRS Piatã, Xaraés e Marandu. Lembrando que qualquer forrageira que esteja como excedente na propriedade na época das águas pode ser ensilada, “o importante é não perder pasto que pode ser utilizado como silagem na época seca do ano”, destaca Marina.

Alguns cuidados devem ser levados em consideração na hora de ensilar gramíneas tropicais, devido ao alto teor de umidade no momento do corte, baixo teor de carboidratos solúveis e alto poder tampão, que podem ser solucionados com utilização de aditivos que são aplicados à forrageira no momento da ensilagem e que reduzem as perdas de nutrientes além de inibirem fermentações indesejáveis.

Já para produção de feno, é importante optar por forrageiras que tenham crescimento prostrado, com bom valor nutritivo e folhas e colmos mais finos que irão promover rápida desidratação da forragem. Como exemplos de forrageiras recomendadas para fenação, podemos destacar: Panicum maximum cv. Massai, Panicum maximum cv. BRS Tamani, Brachiaria decumbens, Brachiaria brizantha cv. BRS Piatã e Brachiaria brizantha cv. Marandu.

 Pré-secado

A pré-secagem consiste em reduzir a quantidade de água no material, expondo-o ao sol ainda no campo, logo após a colheita antes de ser armazenado. É uma estratégia que implica em menor risco do que a fenação, pois o período necessário para eliminação de umidade é menor. É uma estratégia considerada intermediária entre a ensilagem e a fenação, pois passa pelo processo de desidratação e fermentação. A forragem é armazenada em filmes, geralmente de polietileno, formando fardos que ficam armazenados no campo por até 1 ano.

As espécies mais utilizadas são gramíneas de clima temperado como a aveia (preta e branca), gramíneas de clima tropical como as dos gêneros Cynodon, Brachiaria e Panicum.

Diferimento de pastagens

O pastejo diferido ou diferimento consiste na interrupção do pastejo numa área antes do final da estação chuvosa. Essa é mais uma das estratégias que visam o acúmulo de forragem para ser utilizada em pastejo no período mais crítico de produção de forragem.

Para implantar essa alternativa, o pecuarista deve selecionar determinadas áreas da propriedade e excluí-las do pastejo, permitindo o acúmulo de grande quantidade de forragem. “Essas áreas são vedadas de forma programada, do meio para o fim do período das águas, como forma de garantir forragem para ser pastejada no período seco. É uma estratégia que proporciona elevada quantidade de forragem, ainda que com menor valor nutritivo”, explica a doutora em zootecnia da Soesp.

Para driblar o possível prejuízo no desempenho do rebanho, a profissional orienta para a escolha de espécies de forrageiras com bom potencial de crescimento e capacidade de manter alto valor nutritivo no período de vedação. “Na Soesp temos várias opções de Brachiaria e Panicum que atendem essa estratégia, são produtos com alta produtividade, elevada qualidade, boa cobertura do solo e facilidade de manejo, todas ainda com os benefícios Soesp Advanced”, acrescenta.

Importante que o pecuarista escolha forrageiras que tenham porte mais baixo, com boa relação de folhas e colmos, sendo mais indicadas as cultivares de Panicum,  BRS Tamani e Massai e as cultivares de Brachiaria, Basilisk, Marandu, Paiaguás e Piatã. Em relação ao manejo da área para o diferimento, o pasto deve ser rebaixado a 10 cm do nível do solo e, em torno de 70 kg/ha de adubo nitrogenado deve ser aplicado na área para estimular o perfilhamento e acúmulo de massa. Já em relação à categoria animal, essa é uma estratégia recomendada para pecuária de corte, nas fases de recria e engorda e a suplementação proteico-energética deve ser considerada durante o período.

Adaptação

A especialista ressalta também que a estacionalidade de produção forrageira é conhecida há muito tempo na atividade e que deve ser tratada com grande importância pelos pecuaristas. “É uma característica ambiental, bem estabelecida, então é preciso estar adaptado e com planejamento definido com a ajuda de profissionais capacitados. Isso permite o sucesso dos diferentes sistemas de produção animal e da pecuária intensiva como um todo, garantindo cada vez mais sua expansão sustentável no Brasil”, finaliza.

 

 

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