Dez anos atrás, no primeiro semestre de 2013, as exportações de carne de frango do Brasil e dos EUA andavam muito próximas. Então, somados os volumes exportados pelos dois países, cabiam aos EUA 48,6% do total e ao Brasil 51,4% – 2,8 pontos percentuais de diferença.
Cerca de dois anos depois a avicultura norte-americana enfrentou sua primeira mais séria crise de Influenza Aviária. Que não atingiu a indústria do frango, mas teve efeitos negativos profundos sobre as exportações do setor, sobretudo em 2016. Em junho daquele ano, por exemplo, o volume acumulado em 12 meses pelos EUA havia recuado 15% em relação a março de 2013, enquanto o brasileiro registrava aumento de quase 20%. Diferença, então, de 19,5 pontos percentuais a favor das exportações brasileiras (EUA 40,3%; Brasil, 59,7%).
Com a superação do problema Influenza, as exportações norte-americanas se recuperaram (mas apenas parcialmente, pois não voltaram aos níveis anteriores), situação que redundou em perdas para as exportações brasileiras e que foram agravadas em 2018 sob o efeito da Operação Carne Fraca.
Em decorrência do isolamento mundial imposto pela pandemia, em 2020 as exportações do Brasil voltaram a recuar, enquanto as dos EUA prosseguiram em elevação moderada. Mas a partir de março de 2021, o volume exportado pelo Brasil iniciou processo de alta contínua, que não foi acompanhado pelos EUA.
Desta vez, o novo e ainda mais violento surto de Influenza Aviária registrado pela avicultura dos EUA parece não ter afetado as exportações de carne de frango do país – que não cresceram, mas também não recuaram. Já o registro da doença na maioria dos grandes exportadores vem, sem dúvida, favorecendo o Brasil.
Em fevereiro passado (último dado divulgado pelo Departamento de Agricultura dos EUA), o volume acumulado em 12 meses pelas exportações norte-americanas somou 3,332 milhões de toneladas e chegou a 4,517 milhões de toneladas no Brasil (dados da SECEX/ME).
Foram ao todo, portanto, perto de 7,850 milhões de toneladas, das quais os EUA participaram com 42% e o Brasil com quase 58%. A diferença – de, aproximadamente, 16 pontos percentuais – não chega a ser tão significativa quanto a de 2016. Porém, quando se compara o acumulado de fevereiro de 2023 com aquele registrado 10 anos atrás, em fevereiro de 2013, constata-se que, frente a uma expansão de 1,5% no volume exportado pelos EUA, as exportações brasileiras aumentaram perto de 28%.
A ressalvar, de toda forma, que nos dados dos EUA não estão inclusas as exportações de pés/patas de frango, iniciadas há três anos e hoje atingindo volume significativo. Mas a liderança brasileira continua insuperável.