O manejo tradicional adotado em muitas propriedades rurais segue um rigoroso cronograma de aplicações de fungicidas e conta com uma grande equipe para monitoramento periódico de pragas em suas lavouras. Além disso, esse sistema requer muita mão de obra, tempo e recursos, estando sujeito a erros e tomadas de decisões inadequadas no processo de gestão, o que eleva os custos com insumos e consequentemente da produção, comprometendo a lucratividade final.
Para mudar essa realidade a Prediza, uma startup que já foi incubada e recentemente incorporada na área de Inovação pelo Grupo Piccin, de São Carlos/SP, oferece aos produtores por meio de análise preditiva e visão computacional, informações em tempo real para previsibilidade mais precisa de riscos ou ameaças na agricultura, na geração de energia e cuidados ao meio ambiente. A solução da empresa eleva a segurança no manejo, diminui os custos e juntamente a isso aumenta a produtividade das lavouras.
Na prática, a ferramenta da Prediza, que nasceu no Rio Grande do Sul, é formada com IA&IoT (inteligência artificial associada à internet das coisas) para mapear e prever de forma mais eficiente cenários que impactam os ambientes de produção agrícola. A ferramenta compila e organiza todas as informações, mapeia e faz recomendações de maneira mais objetiva e assertiva.
A tecnologia conta também com sensores de solo conectados a uma estação meteorológica que é instalada na propriedade rural. Seu objetivo é gerar dados de microclima, ou seja, informações específicas daquele ambiente de produção, e transformá-los em recomendações ao produtor ou operador.
Dados como estes detalhados são fundamentais, afinal, chuvas mal distribuídas, evapotranspiração e estiagem são ameaças sempre crescentes, devido às mudanças climáticas e particularidades específicas de cada região produtora. “A predição de eventos climáticos, como por exemplo, de geadas, faz toda a diferença, pois possibilita que os produtores rurais se preparem e consigam evitar possíveis danos nas lavouras”, diz Marco Gobesso, engenheiro agrônomo e head de marketing do Grupo Piccin.
Com as informações climáticas geradas, a Prediza ajuda ainda os agricultores na operação de irrigação e gestão do uso eficiente da água. Ou seja, otimiza e auxilia no manejo das áreas irrigadas, informando a quantidade necessária do recurso que deve ser aplicada em cada talhão diariamente.
Além de riscos climáticos, a ferramenta é muito eficiente para a análise preditiva de doenças e pragas no ambiente de cultivo, que são as maiores ameaças à segurança alimentar no mundo. O monitoramento é realizado com base na suscetibilidade de cada cultivar em cada estádio fenológico. Assim, é possível identificar a ocorrência de doenças como, por exemplo, o míldio e a Glomerella cingulata na videira, o oídio e a ferrugem asiática na soja e antracnose na mangueira, entre várias outras.
Por ser um método de antecipação, é possível fazer tratamentos preventivos reais, evitando o problema antes de ocorrer. Assim é reduzida a quantidade de aplicações e entradas no campo, bem como gastos a mais causados pela aplicação excessiva de produtos de tratamentos de calendário, o que leva a um manejo mais seguro e sustentável, com diminuição de custos e aumento de produtividade.
Segundo estudos feitos sobre a eficiência do sistema da Prediza, com a instalação dos sensores na fazenda e correto uso do aplicativo para monitorar as condições de desenvolvimento de doenças e pragas, é possível obter redução de 35% nos custos com insumos e operações de aplicação. Além disso, consegue-se otimizar o controle de pragas, tornando as aplicações de inseticidas mais eficientes e assertivas com aumento na rentabilidade e menor impacto ambiental.
A solução já está em operação com excelentes resultados em regiões frutíferas do Sul do País, a estratégia da empresa agora é ampliar essa ferramenta para outras culturas e a outras regiões produtivas do Brasil. “A tecnologia está disponível para grãos como soja e milho e estamos trabalhando no aperfeiçoamento das informações para café. Posteriormente, buscaremos acessar o mercado externo, inclusive estamos desenvolvendo trabalhos para uma possível entrada em outros países da América do Sul ainda este ano”, finaliza Gobesso.