Mato Grosso do Sul é o estado do Brasil que tem a maior área de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), com mais de 3 milhões de hectares com sistemas integrados entre as atividades do sistema produtivo. Os dados são da Rede ILPF e mostram que na região Centro-Oeste, Goiás e o Distrito Federal têm 1.434.780 hectares de sistemas integrados e o Mato Grosso, 2.281.554. Juntos, ultrapassam apenas um pouco o total de todo Mato Grosso do Sul.
Atualmente, toda área brasileira de sistemas integrados representa uma área total estimada em 17,43 milhões de hectares. A Rede ILPF também estipulou uma meta pelo Plano de Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (Plano ABC), em 2009. O objetivo era aumentar em 4 milhões de hectares a área com ILPF em todo país até 2020. Em 2016, o Acordo de Paris sobre Mudança do Clima foi ratificado pelo governo brasileiro, e um incremento de mais 5 milhões de hectares foi adicionado à meta do Plano, almejando-se então 9 milhões de hectares a mais até 2030. Assim, o objetivo principal é chegar a 35 milhões de hectares de sistemas integrados em território nacional até 2030.
Mato Grosso do Sul é um grande candidato para contribuir significativamente com o alcance dessa meta. De acordo com o economista Michel Constantino, o Estado foi a primeira unidade federativa a instituir políticas de incentivos para aumentar a sustentabilidade ambiental na produção agropecuária.
"[Mato Grosso do Sul] foi pioneiro com a política de estado carbono zero e com a expansão da celulose, a diversificação produtiva mais rentável e mais sustentável vem crescendo ano a no. Nosso agro é exemplo para todos os demais estados", reforça.
Ainda de acordo com a Rede, o Brasil deve enfrentar desafios no alcance dessa meta, entre elas, principalmente, o fortalecimento do crédito rural para garantir a capacidade de implementação pelos produtores e assistência técnica para garantir que as melhores tecnologias sejam difundidas.
De acordo com o levantamento da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), divulgado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-MS) entre julho e dezembro de 2022, o desembolso de crédito rural para Mato Grosso do Sul somou R$ 12,4 bilhões no Plano Safra 2022/23. O número foi 27,02% maior que o 2º semestre de 2021, de R$ 9,76 bilhões, com dados do Banco Central do Brasil.
Ainda de acordo com a publicação, do valor total de recursos acessados no estado, 74,04% foram utilizados no setor agrícola, valor que equivale a R$ 9,23 bilhões. Na pecuária foram R$ 3,23 bilhões, equivalente a 25,96% do total.
Na ocasião, o analista de economia do Sistema Famasul, Jean Américo, destacou que o aumento na contratação de financiamento de crédito rural decorreu da elevação dos custos de produção, de taxas de juros mais atrativas e das oportunidades de mercado por meio de condições favoráveis de preço e de demanda.
Os dados ainda mostram que a maior parcela do recurso foi destinada à modalidade custeio, com 71,39%; já o valor em investimento foi de 20,42%; a comercialização ficou com 6,06%, e a industrialização com 2,13%.
Esse volume destinado ao custeio foi de 45,78% superior ao mesmo período do ano de 2021. Enquanto isso, o investimento e comercialização sofreram reduções de 1,70% e 25,01% respectivamente. Ainda a industrialização teve expressivo aumento de 353,79%.
Por fim, a REDE ILPF ainda elenca, entre os desafios, fortalecer a pesquisa e o desenvolvimento. Entre as estratégias recomendadas, a entidade enumera diversas medidas, como o fortalecimento da cooperação internacional, das instituições de ensino e pesquisa, e a captação de investimentos públicos e privados. Em Mato Grosso do Sul, entidades como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Empraba), o próprio Sistema Famasul e o Governo do Estado, atuam nas áreas de disseminação do conhecimento para produtores.