A semana passada foi marcada, mais uma vez, por fortes oscilações na bolsa de Chicago. Nesse sentido, pode-se pontuar alguns fatores: a expectativa de mercado relacionada à quebra de safra na Argentina, que vai se confirmando com as pioras nas condições das lavouras; a atualização de dados econômicos nos EUA; e o início da safra norte-americana, que se aproxima. Diante disso, o contrato com vencimento em março/23 encerrou a semana sendo cotado a U$15,31 o bushel (+0,13%) e o com vencimento em maio/23, a U$15,19 o bushel (0%).
O relatório semanal da Bolsa de Cereales de Buenos Aires (BCBA) registrou novamente uma piora nas condições de cultivo nas lavouras da Argentina. De acordo com o relatório, houve um aumento para 67% nas condições regulares/ruins, junto a uma queda para 31% nas condições normais, e uma redução para 2% nas excelentes/boas em relação à semana anterior. Além disso, há especulações do mercado que essa quebra de safra possa custar aos cofres públicos do país em torno de 17 bilhões de dólares.
A Argentina é o maior exportador do complexo de soja (farelo e óleo de soja) do mundo, e a redução do volume esmagado gera uma diminuição da oferta por parte do país, fazendo com que as cotações se mantenham em patamares elevados. O farelo de soja representa cerca de 75% dos produtos derivados do grão de soja e, devido a isso, é o derivado que mais possui influência no preço da commodity, contribuindo para segurar os patamares de preços do grão de soja.
A janela de plantio nos Estados Unidos tem início no final de abril e começo de maio e, a partir do momento em que se inicia o plantio, o mercado entra em sua sazonalidade de alta. A partir desse momento, questões como como o clima e área de plantio começam a ser os principais fatores que influenciam o mercado.
O dólar teve uma semana movimentada, com dados macroeconômicos apresentando incertezas para o mercado, e fechando com variação estável nos patamares de US$ 5,16 (0%). O Banco Central dos EUA vem aumentando as taxas de juros com a finalidade de controlar a inflação no país. Contudo, os dados econômicos norte-americanos vêm se mostrando aquecidos, o que foi confirmado pela diminuição da taxa de desemprego. Com isso, o Banco Central tem mais dificuldade de controlar o avanço da inflação, mantendo a taxa de juros em patamares elevados.
Já no Brasil, a instabilidade política continua. O governo federal criticou as altas taxas de juros, provocando uma certa insegurança no mercado. As altas taxas de juros controlam a inflação mas, em contrapartida, causam uma desaceleração econômica, que foi refletida na queda do PIB brasileiro no quarto trimestre de 2022.
Diante deste cenário, as cotações da soja brasileira tiveram uma semana de leve desvalorização, em relação à semana anterior.
O clima volta a ser o fator mais acompanhado pelo mercado agora que se aproxima da safra norte-americana. As chances de ocorrer o evento El Niño no mês de junho, de acordo com a ONU (Organização das Nações Unidas), é de 55%, e o El Niño traz condições mais secas e quentes para os Estados Unidos. Para o Brasil, o evento traz temperaturas mais amenas durante o inverno, uma redução drástica das chuvas no nordeste e um aumento significativo de chuvas no sul.
Pelo cenário desenhado em relação à exportação de farelo de soja, espera-se que esse derivado da oleaginosa siga se sustentando em alta, e, por consequência, dificultando fortes quedas no preço dos grãos de soja. Com isso, a expectativa é de um mercado trabalhando nos mesmos patamares atuais.
Também haverá a divulgação do relatório de Estimativas de Oferta e Demanda Agrícola Mundial (WASDE) na próxima quarta-feira. O relatório possivelmente irá trazer mais uma queda na expectativa de produção argentina, provocada pelas instabilidades climáticas e uma possível redução de expectativa de produção brasileira.
Para a moeda norte-americana, o cenário esperado é de alta volatilidade até a divulgação do relatório Payroll (taxa de empregos não agrícolas nos EUA), que será divulgado na próxima sexta-feira (10/03). Questões internas do Brasil tendem a trazer valorização na moeda americana, mas o mercado segue atento a qualquer fator que possa reverter essa tendência de alta.
Diante desses fatores, há uma expectativa de que a soja brasileira tenha uma semana com tendência de alta nas cotações, prevalecendo a alta do dólar e a redução de oferta da Argentina.
A semana que passou foi marcada, principalmente, pelo avanço no plantio do milho safrinha no Brasil, exportações brasileiras e incertezas sobre a renovação do acordo de exportação no Mar Negro. Diante disso, as cotações de Chicago finalizaram a semana sendo cotadas a U$6,48 o bushel (-0,31%) para o contrato com vencimento em março/23.
O plantio da safrinha 2023 avançou bastante, mas ainda continua atrasada. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), houve evolução de 15,4% durante a semana, atingindo 48,7% a nível nacional. Apesar do avanço significativo, ainda encontra-se com 10,9% de atraso, em relação ao ano anterior. Mato Grosso, Goiás e Tocantins foram os estados que mais progrediram.
Apesar do mercado estar, nesse momento, voltado para comercialização de soja, as exportações de milho ainda continuam aquecidas. De acordo com a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o Brasil exportou aproximadamente 2,27 milhões de toneladas, contra 768 mil toneladas do mês de fevereiro de 2022. Caso continue com ritmo aquecido, poderá alcançar um novo recorde de exportação no fim do ano.
O conflito geopolítico envolvendo Rússia e Ucrânia afetou significativamente a cadeia de fornecimento de milho. Isso aconteceu porque o país ucraniano, atualmente, é o quarto maior exportador deste cereal. Com intuito de amenizar esse impacto de fornecimento, houve um acordo de exportação entre os países, que permite a exportação de cereais ucranianos pelo Mar Negro. Neste mês haverá a renovação deste acordo, e isso traz uma certa cautela ao mercado, pois poderá haver retaliações por parte da Rússia.
Esta semana haverá a atualização das Estimativas de Oferta e Demanda Agrícola Mundial (WASDE), o qual deverá trazer redução na produção da Argentina, que ainda sofre a seca; além disso, atualizações nos números de oferta e demanda norte-americana, que se prepara para iniciar o plantio ainda este mês. O mercado deverá olhar de perto os indicativos da safra 2023/24 dos EUA.
A demanda externa pelo milho brasileiro deverá continuar aquecida, sobretudo, depois que o MAPA (Ministério da Agricultura e Pecuária) noticiou a habilitação de mais 90 empresas para exportar milho, atingindo o total de 446 empresas. Com isso, o Brasil reforça as expectativas de se tornar o maior exportador mundial do cereal.
Apesar da expectativa de aumento de demanda de médio a longo prazo, as cotações brasileiras poderão continuar pressionadas diante das projeções otimistas de produção brasileira, podendo ter uma semana de continuidade de queda.
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