Dados da FAO apontam que, nos 23 anos e dois meses transcorridos entre janeiro de 2000 e fevereiro de 2023, a carne de frango in natura exportada pelo Brasil alcançou, na média, valor 55% superior ao obtido pelos exportadores norte-americanos. Justifica-se: a oferta brasileira é mais diversificada que a dos EUA, até recentemente concentrada na exportação de coxa/sobrecoxa de frango.
Nesse quase quarto de século, em apenas duas ocasiões os preços brasileiros permaneceram abaixo da média por tempo mais longo: no início dos anos 2000 e, mais recentemente, no período da pandemia.
Em nenhum dos dois casos houve redução de preço: apenas a margem recuou. A queda do início deste século correspondeu ao momento em que o Brasil caminhava para a liderança mundial no setor, ocorrida em 2004 e desde então não mais abandonada.
Já a redução mais recente mostra os efeitos que a Covid-19 teve sobre as exportações brasileiras. Assim, após um quinquênio (2015/2019) de altos e baixos, mas de relativa estabilidade, com a pandemia (2020) o preço médio do produto brasileiro retrocedeu ao menor nível em 13 anos, superando marginalmente o que havia sido registrado em 2007 (cerca de US$1.400/tonelada).
Porém, como se viu, a reação a esse processo foi uma posterior carência do produto (mas não só da carne de frango). Daí dois anos depois (2022) ter sido registrado recorde histórico tanto para o produto brasileiro como para o norte-americano.
Em 2023 (primeiro bimestre) começa novo retrocesso de preços que – consideradas as condições econômicas mundiais – tende a se manter no decorrer do corrente exercício. Por ora, no entanto, o preço dos EUA recua em níveis superiores aos do Brasil. Tanto que a margem brasileira no bimestre voltou a superar a média registrada desde 2000, ficando em torno dos 60%.