Publicado em 29/01/2023 22h58

Cigarrinhas do milho estão cada vez mais presentes

Os enfezamentos são doenças sistêmicas causadas pelos organismos semelhantes as bactérias que ao infectarem a planta de milho comprometem o seu desenvolvimento podendo causar danos na produtividade superior a 80%. O vetor de transmissão dessas doenças ocorrem exclusivamente pelas cigarrinhas do milho (Dalbulus maidis).
Por: O Presente Rural

O Projeto Alerta Cigarrinha é uma rede de monitoramento da cigarrinha do milho composta por 68 pontos de monitoramento distribuídos estrategicamente em sete regiões (Distritos) do município de Marechal Cândido Rondon, no Oeste do Paraná, com objetivo de monitorar a flutuação populacional das cigarrinhas do milho e sua infectividade antes e durante o cultivo do milho safrinha 2023. A iniciativa é endossada pelos setores representativos da agricultura e executado pelas instituições de fomento à pesquisa e ensino superior, pelas instituições públicas e privadas ligadas a assistência técnica agrícola e da defesa agropecuária.

Foto Divulgação / Adapar

Quando o projeto foi lançado conversamos com o fiscal agropecuário da Adapar, Anderson Leminska, com o engenheiro agrônomo da Copagril, Laercio Strohhaecker e com o produtor rural, Anderson Suss, para saber mais detalhes do projeto e as consequências do enfezamento na produção de milho safrinha. Para assistir  clique aqui.

Os resultados desse monitoramento serão disponibilizados semanalmente aos profissionais da agronomia e produtores rurais para auxiliar no monitoramento e na tomada de decisão de recomendação e controle da cigarrinha do milho na propriedade rural. Com isso, busca-se otimizar o controle do inseto e reduzir os danos na produtividade da cultura do milho ocasionado pelas doenças do complexo dos enfezamentos.

O primeiro Boletim Técnico nº1 – Alerta Cigarrinha com os resultados do monitoramento foi divulgado nesta sexta-feira (27) pela equipe do Projeto do Alerta Cigarrinha.

Período de monitoramento, fase do milho safrinha 2023 e dados climatológicos

Dos 68 pontos previstos da rede de monitoramento, no período de monitoramento de 16 a 23 de janeiro, 57 foram instalados e monitoram a presença da cigarrinha em meio as lavouras de soja, que se encontram no final do ciclo reprodutivo e um ponto se encontra instalado em área de cultivo do milho safrinha 2023.

A média de precipitação pluviométrica acumulada em Marechal Rondon e foi de 66 mm. com variação na distribuição das chuvas com registro de 12 mm no Distrito de São Roque e de até 120 mm na sede do município.

A temperatura média foi de 25°C, máxima de 32ºC, mínima de 19ºC e a umidade relativa do ar média de 81%, máxima de 97% e mínima de 51%.

Resultado do monitoramento das cigarrinhas

Na primeira semana de avaliação, 10 pontos de monitoramento (17,2%) não capturaram cigarrinhas do milho (cor branca no mapa) e 48 pontos registraram a presença do inseto nas armadilhas que contabilizaram um total de 1.811 cigarrinhas (Figura 1).

Figura 1 – Distribuição das armadilhas e grau de infestação no município de Marechal Cândido Rondon. Cores identificam o grau de infestação.

Das armadilhas que capturam o inseto, 19 (32,8%) capturaram até cinco cigarrinhas (pontos cor amarela); 16 (27,6%) de seis a 20 cigarrinhas (pontos cor laranja claro); nove (15,5%) capturaram entre 21 e 50 cigarrinhas (pontos cor laranja forte); três (5,2%) capturaram entre 51 e 100 cigarrinhas (pontos cor vermelho) e uma armadilha (1,7%) capturou acima de 400 insetos (ponto cor preta). Figura 3.

 

O município apresentou média de 11,5 cigarrinhas por ponto de avaliação. O Distrito de Iguiporã apresentou menor presença do inseto (média de quatro cigarrinhas) e os Distritos de Margarida e Novo Três Passos apresentaram maior presença (média de 18,8 e 18,7 cigarrinhas, respectivamente). Os demais distritos apresentaram valores intermediários entre 7,8 e 10,2 cigarrinha por ponto na média.

Cultivo do milho safrinha 2023

Em todas as sete regiões monitoradas foram detectadas a presença da cigarrinha do milho indicando que elas já se encontram presente nas áreas que vão receber o cultivo do milho safrinha 2023, bem como, observa-se a variação na quantidade de cigarrinhas em uma mesma região de monitoramento e em armadilhas instaladas muito próximas uma da outra, demonstrando que ocorre variação da presença da cigarrinha numa mesma região, o que reforça a importância do monitoramento localizado pelo produtor rural em sua propriedade.

No atual período de monitoramento, há apenas uma armadilha instalada em área de cultivo do milho safrinha que encontra-se localizada imediatamente ao lado de uma área com cultivo do milho verão. Na semana de monitoramento, esta armadilha capturou 1.156 cigarrinhas, número que corresponde a 64% do total das cigarrinhas contabilizadas no período e, por este motivo, tal ponto de monitoramento pode ser considerado atípico e não foi considerado na média geral pois não representa a condição normal do monitoramento onde 99% das armadilhas encontram-se em área de cultivo de soja.

Neste tipo de ambiente de produção ocorre a ponte verde e há forte tendência de migração das cigarrinhas das lavouras de milho mais velhas para as áreas de cultivo do milho safrinha que apresentam plantas mais jovens e atrativas para a cigarrinha. Por isso é fundamental que os agricultores sincronizem a semeadura do milho em sua região para evitar a concentração de insetos em sua propriedade e intensifique o monitoramento da cigarrinha na área.

Infectividade das cigarrinhas

Para cada região de monitoramento foram coletadas amostras de cigarrinhas das armadilhas que capturaram mais cigarrinhas para analisar se elas se encontram ou não contaminadas com os molicutes (agentes causais dos enfezamentos).

Até o fechamento do Boletim Técnico nº01 o resultado laboratorial ainda não havia sido concluído. O resultado será divulgado no próximo boletim.

Recomendações de manejo integrado dos enfezamentos, conforme orientação da Embrapa, para o atual período de monitoramento:

1º – Eliminação dos milhos tigueras ainda presentes nas lavouras de soja;

2º – Verificar se a semente de milho que será cultivada em sua propriedade encontra-se tratada com inseticida para manejo das populações iniciais da cigarrinhas;

3º – Promover a semeadura sincronizada do milho na região para evitar a concentração das cigarrinhas na área de cultivo.

Produtor rural 

A equipe do Projeto Alerta Cigarrinha orienta os produtores que antes de adotar determinado manejo em sua propriedade consulte sempre um profissional da agronomia legalmente habilitado, bem como recomenda utilizar produtos cadastrados na Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) e conforme recomendação do fabricante e em receituário agronômico.

Acompanhamento do Alerta Cigarrinha

O jornal O Presente Rural realizou uma parceria com a equipe do Projeto Alerta Cigarrinha e será o veículo de mídia oficial para divulgação dos boletins técnicos do Alerta Cigarrinha. Para acompanhar os resultados e informações do monitoramento Alerta Cigarrinha clique no  Boletim Técnico nº1 – Alerta Cigarrinha.

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