Tratores elétricos e híbridos, máquinas autônomas, digitalização da agricultura e tecnologias sustentáveis deram o tom da 45ª edição da EIMA - Exposição Internacional de Máquinas para Agricultura e Jardinagem, realizada em novembro, em Bolonha, na Itália. O evento, organizado pela FederUnacoma – Federação Italiana de Fabricantes de Máquinas Agrícolas, obteve recorde de público com a visitação de 327 mil pessoas, provenientes de 160 países. Esta edição contou com a participação de 1.500 fabricantes, dentre os quais 480 estrangeiros, representando 40 países, em 128 mil metros quadrados, dos quais 8 mil em áreas externas, onde foram realizadas demonstrações de máquinas e implementos.
“Os 14 setores de produtos, cinco salões temáticos – Componentes, Jardinagem, Energia, Irrigação e Digital - e os cerca de 60 mil modelos expostos fazem da EIMA uma feira altamente especializada que abrange toda a cadeia produtiva agroindustrial e agromecânica, oferecendo soluções para todos os modelos de agricultura, tornando-se uma referência mundial para toda a indústria", afirma a gerente geral da FederUnacoma, Simona Rapastella.
Além das novidades tecnológicas apresentadas pelas empresas, os visitantes da EIMA puderam conferir os 62 modelos premiados no Concurso de Inovação Técnica, em exposição na área central do evento. Foram 25 Inovações Técnicas e 37 Menções, que vão desde máquinas desenvolvidas para trabalhar em terrenos mais acentuados e com declives a tratores híbridos, robôs autônomos para atuar em lavouras de arroz com bateria carregada por painel solar de bordo, permitindo trabalho contínuo por até dois meses. Foram expostas também inovações como máquinas autônomas para atuação em videiras, máquinas e implementos elétricos, soluções para agricultura vertical totalmente automatizadas e sistema de comando de voz para máquinas agrícolas, entre outras.
"A indústria de máquinas agrícolas tem uma missão que agora é estratégica: conciliar a máxima produtividade com a proteção do meio ambiente e tornar possível a atividade agrícola em todos os contextos climáticos e ambientais. Tudo isso graças a tecnologias cada vez mais atualizadas e de alto desempenho”, salienta o chefe do Escritório Técnico da FederUnacoma e coordenador da competição, Davide Gnesini.
“O grande número de modelos premiados mostra como a indústria investe muito em pesquisa e desenvolvimento e como é capaz de transferir soluções tecnológicas novas, muitas vezes altamente avançadas, para a produção em escala industrial”, enfatiza o presidente da FederUnacoma, Alessandro Malavolti. “A busca pela inovação é fundamental para atender às necessidades alimentares de uma população global que crescerá quase um bilhão nos próximos 10 anos e confirma como em todas as regiões do mundo trabalha-se para inovar os métodos de cultivo, buscando o uso científico e sustentável dos recursos hídricos e da fertilidade do solo. Nesta perspectiva, uma exposição como a EIMA tem uma missão importante também para os próximos anos”, acrescenta Malavolti.
Com o objetivo de fomentar negócios, a ICE – Italian Trade Agency, agência do Governo Italiano que tem como missão promover o intercâmbio comercial e tecnológico entre a Itália e os demais países, levou para a EIMA 80 delegações oficiais com 450 representantes de empresas, que protagonizaram reuniões de negócios com empresas expositoras em um pavilhão próprio para essa finalidade. O Brasil participou da iniciativa com uma delegação de representantes de empresas de máquinas agrícolas.
Para o Gerente Industrial da Menta Máquinas Agrícolas, Vinicius Oliveira, visitar a EIMA permite antecipar as novidades que chegarão ao mercado. “A experiência na EIMA foi muito agregadora para vermos o que há de novo, as máquinas que foram lançadas aqui e serão apresentadas posteriormente no Brasil em eventos como a Agrishow. Além disso, identifiquei muitas oportunidades de negócios com fornecedores de peças, abrindo um grande leque para nós”, avalia Oliveira. “Uma tendência que já virou realidade na Europa é a agricultura 4.0 e máquinas autônomas tanto para pequenos como para grandes produtores, que não necessitam de operador”.
O Gerente Comercial da área de máquinas da Copercitrus, Thiago Hernandes Marton esteve pela primeira vez na EIMA e destaca a oportunidade de conhecer a direção para qual caminha o mercado mundial. “Foi uma experiência fantástica. Observamos algumas tendências principalmente no setor de tratores, muitos com baixa ‘cavalagem’, versões híbridas e elétricas, além das máquinas autônomas. Acredito que isso já seja um diagnóstico de tendência no mercado. A maior oportunidade para mim, que represento uma cooperativa agrícola, é constatar que a indústria italiana pode proporcionar máquinas e implementos agrícolas que podem suprir nossas expectativas no mercado”, declara Marton.
“Vim em busca de tecnologia e novos fornecedores e pude encontrar bastante coisa por aqui. Vemos cada vez menos uso de mão de obra e a tecnologia cada vez mais auxiliando o produtor no campo. Robotização e automação tanto no produto final quanto no processo produtivo”, destaca o Gerente de Produtos da NB Máquinas, Mauricio Guilherme Quilez Souza.
“Esses eventos nos permitem verificar quais tecnologias que estão ‘pegando’, se tornando referências. Algumas vão sumindo ou aparecendo muito pouco. Então, o que acho interessante de acompanhar são as pequenas melhorias das tecnologias que vão se tornando padrão. É interessante ver como a inovação vai acontecendo, como os clientes vão aceitando essa inovação, o produto vai pegando e outros fabricantes vão olhando. Os clientes gostam, as empresas fazem melhorias, as soluções vão sendo aprimoradas e assim caminha a evolução. Vão surgindo mais inovações e o mercado vai se tornando cada vez mais sustentável, porque a sustentabilidade tem a ver com o consumo menor de energia e melhor eficiência dos produtos. É bem interessante ver a inovação sendo feita de uma forma como se fosse uma rede neural e nós podemos avaliar o que faz sentido na nossa realidade brasileira”, opina o CEO da Casale, Mario Casale Neto.
De acordo com o Trade Analyst da ICE/ITA, Antonio Monge, que acompanhou a delegação brasileira, para a indústria italiana de máquinas agrícolas, o Brasil é um dos mercados mais importantes e representa um terreno fértil. “A iniciativa promovida pela ITA visa aumentar as oportunidades comerciais para as empresas italianas, favorecendo e apoiando a visibilidade de seus produtos junto aos mais variados países convidados, e entre eles, evidentemente, o Brasil. A participação na EIMA, portanto, é uma oportunidade única, que proporciona um diálogo direto entre as empresas, permitindo ao convidado se aproximar, entender e fazer o usufruto do que de melhor made in Italy tem a oferecer para esse setor tão expressivo que é o de máquinas agrícolas”, aponta Monge.
Além da delegação, sete empresas brasileiras expuseram seus produtos no Pavilhão Brasil por meio do Programa Brazil Machinery Solutions (BMS), parceria entre ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) e ABIMAQ (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos). A iniciativa visa a promoção das exportações brasileiras de máquinas e equipamentos, assim como fortalecer a imagem do Brasil como fabricante de bens de capital mecânico com tecnologia e competitividade.
“Fazemos um trabalho de identificar os chamados ‘países prioritários´, que para o setor agrícola são América do Sul, diversos da África subsaariana, Alemanha, Itália e Estados Unidos porque há muitas oportunidades para as empresas brasileiras. Os equipamentos brasileiros são muito competitivos, resistentes e operam em diversos tipos de biomas”, explica o Gerente de Relações Institucionais e Promoção Comercial da ABIMAQ, Paulo Guerra.
Para fortalecer ainda mais a relação entre Brasil e Itália foi assinado durante a EIMA um memorando de entendimento para renovação do acordo entre a ABIMAQ e FederUnacoma de incentivo para empresas de máquinas agrícolas dos dois países trabalharem conjuntamente em negócios.
Para a vice-presidente do SINDIMAQ - Sindicato Nacional da Indústria de Máquinas, Alida Bellandi, que é presidente da Guarany, a proximidade que existe entre Brasil e Itália favorece negócios entre empresas dos dois países. “Grande parte das empresas brasileiras de máquinas agrícolas são familiares, assim como as italianas. Temos produtores rurais com perfis similares e muita complementariedade na produção dos dois países”, indica Alida. “Vivemos numa era de transformação digital, de questões ambientais relevantes e principalmente a necessidade de inovação tecnológica permanente. Todo esse contexto nos faz pensar que temos que trabalhar juntos em cooperação com outros países, pois isso vai agilizar os processos, otimizar os custos e favorecer a linha de aprendizado”, acrescenta.
O acordo entre ABIMAQ e FederUnacoma prevê a ampliação de oportunidades de atuação das empresas associadas, troca de informações e de expertises como a indústrias de especialidades italiana e tecnologias do Brasil em agricultura extensiva no Cerrado, inovação tecnológicas, além de parcerias e joint ventures para produções locais.
A próxima edição da EIMA está marcada para 6 a 10 de novembro de 2024.