Publicado em 23/11/2022 12h34

Artigo: Os novos pilares da Pecuária

A pecuária se reinventa com novos pilares de sustentação e o que se resumia a um 'tripé' foi ampliado e passa a considerar sanidade, nutrição, genética, bem-estar animal, sustentabilidade e gestão para a evolução do setor
Por: Assessoria de Imprensa

* Marcelo Bulman

Foi-se o tempo em que apenas o “tripé” sanidade, genética e nutrição eram suficientes para sustentar a produção pecuária. Essa foi por muitas décadas a base da pecuária tradicional. Porém, o mundo mudou e a necessidade de se obter a excelência operacional nos ganhos produtivos utilizando novos recursos e novas tecnologias fez com que a pecuária moderna passasse a exigir cada vez mais resultados em um menor espaço de tempo e território.

As novas conexões entre os pilares do bem-estar animal, da sustentabilidade e da gestão, juntamente com os tradicionais pilares da genética, da nutrição e da saúde animal têm trazido à tona uma interface significativa entre os setores da pesquisa, da indústria e da produção pecuária. Como resultado dessa interface, temos tido uma nova forma de atuação no campo, que vai muito além da implementação de tecnologia. A sinergia e a conectividade entre as diversas empresas pelo lado da indústria que passam a atuar de forma integrada junto a instituições de pesquisas e biotecnologias estão promovendo um verdadeiro extensionismo tecnológico no campo. O trabalho de nossas equipes leva tecnologia tanto para as revendas e cooperativas agropecuárias (essas fazem a distribuição das soluções ao campo) quanto diretamente aos produtores.  

Se pararmos para pensar no tamanho de nossa responsabilidade é algo que nos enche de orgulho e satisfação. E, ao mesmo tempo, aumenta o nosso dever de ajudar os produtores a enxergar que o tripé que sustentava a pecuária até então não é o que nos levará para o futuro da pecuária tão exigida e pressionada pelo aumento do consumo de proteína animal no Brasil e no mundo.

Por isso, defendemos que a pecuária do futuro deve ser sustentada nesses seis pilares: Sanidade, Nutrição, Genética, Bem-estar animal, Sustentabilidade e Gestão. São esses pilares conectados que permitirão produzir o que estamos chamando de “Boi Azul”.

O olhar para a Sanidade animal ampliou o foco da saúde a partir do aprimoramento de diagnósticos, que passam a ser feitos de forma precoce e cada vez mais assertiva, contribuindo para o controle e prevenção de doenças, garantindo um rebanho mais saudável. Chamo a atenção para a importância de diagnósticos efetivos que podem ajudar a diminuir o risco infeccioso nas fazendas e as perdas decorrentes de enfermidades diagnosticadas tardiamente. Dessa forma, a sanidade passa a ser considerada sempre sob três aspectos: prevenção, diagnóstico e tratamento.

A Genética dever ser considerada e ampliada do ponto de vista do melhoramento genético e da aplicação da reprodução com a adoção de mais tecnologias e o alcance de índices cada vez mais superiores. Nesse cenário, os produtores podem contar com ferramentas que ajudem a tornar o seu trabalho mais eficiente, como, por exemplo, testes rápidos de prenhez que trouxemos recentemente ao Brasil em parceria com a IDEXX, líder mundial em diagnósticos. Em até 20 minutos, esses testes disponibilizam os resultados, com 99,7% de precisão. São ferramentas que se aliam ao trabalho feito por médicos-veterinários, proporcionando que um número maior de produtores tenha acesso a tecnologias que os ajudem a produzir mais e melhor.

Em relação à Nutrição, pilar estratégico para a pecuária de resultados, além das pastagens, é preciso considerar com atenção a armazenagem de silagem e inovações como suplementação injetável. Nesse sentido, nos unimos à Lallemand para trazer ao mercado brasileiro uma inovadora linha de inoculantes para silagem desenvolvida a partir de uma nova bactéria, que traz maior flexibilidade para o processo de produção de silagens, uma vez que os produtos oferecidos atendem as necessidades específicas de cada alimento conservado, além de possibilitar abertura antecipada dos silos e com garantia de estabilidade aeróbia. Isso garante uma dieta equilibrada para os animais, ajudando o produtor a controlar a qualidade do alimento fornecido e a minimizar os custos de produção.

Outra tecnologia inovadora em Nutrição é a suplementação mineral e vitamínica injetável à base de antioxidantes, que combate o estresse oxidativo em situações de estresse, um dos principais vilões da pecuária. Temos acompanhado nos últimos anos resultados excepcionais, em especial na fertilidade de vacas e principalmente no aumento do rendimento de carcaça.

O olhar para o Bem-estar animal é primordial. Sem considerar esse aspecto é muito difícil obter índices adequados de produção. O desenvolvimento de um ambiente equilibrado e saudável para que os animais apresentem seus melhores índices zootécnicos é um princípio básico da produção.

Apesar de a Sustentabilidade ser um dos maiores desafios da pecuária, ela reflete um compromisso com a humanidade. Assim, a pecuária do futuro poderá caminhar para ser cada vez mais sustentável. Segundo Maurício Palma Nogueira (2020), com base em dados do Rally da Pecuária, se “a pecuária brasileira aplicasse, em média, o mesmo pacote tecnológico proporcional ao aplicado na cultura da soja, a quantidade de carcaça (carne com osso) produzida por hectare saltaria de 67 kg para 510 kg por hectare / ano”.

Números como esses podem ser significativos quando adotados com responsabilidade e com sustentabilidade.

É preciso que a sustentabilidade faça parte de toda a cadeia produtiva, como princípio básico, desde a genética até o consumidor. Todos possuem sua responsabilidade e é preciso agir dentro de práticas sustentáveis do ponto de vista social, econômico e ambiental.

E fechando, evidencio a Gestão como o pilar direcionador de todos os outros cinco pilares. Sem dúvida nenhuma, a gestão operacionaliza todos os outros pilares. A tomada de decisão frente às oportunidades, ameaças, fortalezas e fraquezas do sistema produtivo é o fator decisivo para que se defina o sucesso ou o fracasso da produção.

Para elaborarmos o projeto ‘Boi Azul’ nos baseamos em algumas projeções. Até 2050, o mundo terá 35% a mais de pessoas. A produção de carne deverá aumentar em 7%, segundo estimativas da FAO, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura. Os países da América Latina têm recursos naturais, profissionais e tecnológicos suficientes para abastecer grande parte da demanda mundial de proteína animal. Para conseguir isto, os produtores deverão intensificar seus sistemas e elevar os índices de produção de carne e leite.

Relevante considerar que 18% da produção de proteína animal do mundo está na América Latina, 31% do que se exporta de proteína animal provém daqui, assim como 10% da produção de leite mundial. E mais! De cada cinco pratos de comida no mundo, um é produzido pelo Brasil. É daí que vem a nossa responsabilidade. O Brasil alimenta 800 milhões de pessoas pelo mundo e esse número tende a crescer e, por isso, precisamos evoluir na maneira de produzir.

Produzir mais e produzir melhor. Nossa meta é ter a certeza da obtenção da marca ‘1 bezerro por vaca por ano’. A tecnologia para fazer isso já temos. O que estamos avançando é na forma de comunicar ao produtor as melhores maneiras para trabalhar dentro dos seis pilares acima citados.

Nossa missão é aproximar o produtor das ferramentas que vão se traduzir em resultados, no campo e na balança comercial, como parte de um conceito de produção, em uma estrutura que resulta em produtividade e desencadeia processos sustentáveis, fazendo a pecuária crescer, cada vez melhor, levando ao produtor brasileiro a importância da gestão, do conhecimento, da inovação e da tecnologia. Somente assim, o nosso boi será cada vez mais ‘azul’.  Nossa pecuária não pode ficar no vermelho! O boi tem que estar sempre no azul!

* Marcelo Bulman é médico-veterinário, Country Manager Brasil e Diretor Comercial Centro & Norte LATAM da Biogénesis Bagó

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