Durante o III Encontro Técnico Milho da Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso (Fundação MT), que acontecerá amanhã, 24, e termina dia 25 de novembro, de forma online, o engenheiro agrônomo, pesquisador com pós-doutorado e sócio-diretor da NemaBio, Claudinei Kappes, repassará informações importantes para que o produtor possa alavancar a produtividade da cultura.
As plantas estão mais verdes são aquelas que receberam nitrogênio no momento do plantio. As mais amareladas são as que não receberam adubação nitrogenada
Alguns pontos são fundamentais para se obter alta produtividade em milho. Primeiro, o regime de chuvas, já que o principal “insumo” na safrinha se chama água, ou seja, conforme Kappes relata, não adianta o produtor dispor da melhor genética, das melhores estratégias de manejo da adubação, de pragas e doenças, ou da melhor máquina e equipamento, se no meio do caminho faltar água. O segundo fator é apontado por ele como sendo a escolha do híbrido. “O mercado está cheio de ofertas de genética com alto desempenho produtivo, basta o produtor acertar na escolha do material, a qual também deve ser baseada na época de semeadura, reação às doenças, região e manejo”, diz.
O terceiro ponto é o bom manejo da adubação, pois uma planta nutrida adequadamente responde bem ao quesito boa distribuição de chuva e também à genética. O quarto fator é a altitude, normalmente regiões altas são mais propícias para a semeadura do milho, já que a temperatura noturna é amena. “Em regiões de maior altitude, a temperatura noturna é menor do que as de menor altitude e, consequentemente, no final do dia a planta tem uma fotossíntese líquida maior, pois ela respira menos e tem menor gasto energético no período noturno”, relata Kappes.
O especialista alerta para a importância de se fazer a adubação nitrogenada no momento da semeadura. Ele conta que em MT, a maioria dos produtores faze somente a adubação de cobertura tradicional, que é a aplicação do nitrogênio (N) entre os estádios de desenvolvimento V4 e V6 (quando o milho tem entre quatro e seis folhas expandidas).
Diversos estudos mostram, inclusive em MT, que a adubação nitrogenada, quando aplicada no momento da semeadura, tanto no sulco como a lanço, propicia um delta de produtividade, podendo retornar ao produtor de 15 a 20 sacas por hectare a mais em relação ao manejo da adubação tradicional de cobertura. “É por isso que precisamos chamar atenção. Na safrinha, por exemplo, lutamos contra o tempo. Semeamos milho em janeiro e fevereiro, ocasião em que vai se encaminhando naturalmente para o fechamento do período chuvoso. Essa adubação nitrogenada, na ocasião da semeadura, estimula o arranque inicial da planta e o seu maior enraizamento em relação ao manejo tradicional”, detalha o pesquisador.
Com maior desenvolvimento radicular, a planta consegue ter maior tolerância a uma eventual escassez de água, pois explora de maneira mais efetiva o perfil do solo e, consequentemente, favorece a obtenção de maiores produtividades.
Para conseguir uma boa produtividade de milho na safrinha, Kappes dá algumas dicas. Para ele, é preciso primeiro torcer para que as chuvas não se encerrem na época crucial do milho, a do florescimento, fase em que pode acontecer as maiores perdas de produtividade. Outra questão é a época de semeadura, quanto mais cedo semeá-lo melhor é.
“O sucesso do milho safrinha começa na semeadura da soja, quanto mais cedo conseguir semeá-la, dentro da época recomendada, mais cedo ela vai ser colhida e, consequentemente, melhor será a época de semeadura do milho. Ademais, o bom dimensionamento do parque de máquinas pode favorecer a semeadura do milho dentro de uma época adequada, mediante o uso de um conjunto trator-semeadora de elevado rendimento operacional (ha/dia)”, reforça.
Atenção também deve estar no manejo da cultura, há algum tempo não havia tanta preocupação com as doenças em milho. Mas hoje é comum três até quatro aplicações de fungicidas. “No geral, esperamos que o produtor passe a investir mais na cultura. O que ajuda a determinar um maior ou menor investimento é o preço futuro do cereal. Hoje o MT passa por um preço muito bom em relação ao passado e isso impulsiona o produtor a adubar mais e melhor, a adotar uma genética boa e usar melhores programas fitossanitários. O consumo interno também tem sido relevante na precificação do grão colhido, hoje se consome dentro do Estado quase 30% do que é produzido”, completa.
Essas informações e muitas outras serão tratadas no III Encontro Técnico Milho da Fundação MT. Os interessados ainda podem se inscrever no site www.fundacaomt.com.br. “Eventos como esse são fundamentais para nortear os produtores. Ajudá-los a se planejar e fazer um bom manejo da cultura. Essa é uma das principais contribuições da instituição para com o agronegócio e a sociedade”, destaca Luís Carlos Oliveira, gerente de marketing da instituição.