A obra é resultado de sete anos de trabalho de técnicos do Imasul (Instituto do Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) e traz 386 espécies catalogadas, muitas delas até então desconhecidas. A publicação foi organizada pelos biólogos do Imasul, Heriberto Gimenes Junior e Ricardo Rech.
Para o governador Reinaldo Azambuja, o livro é uma ferramenta de conservação e educação ambiental. “O trabalho realizado por esse grupo mostra a importância da pesquisa, com 54 espécies que não estavam identificadas nos anuários anteriores e apareceram agora nessa nova publicação. É um livro importante para conhecimento e preservação de espécies e para ter um mapa do bioma Pantanal com todos os peixes”, disse o governador, no lançamento realizado no auditório do Bioparque Pantanal.
O secretário Jaime Verruck, da Semagro (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar) ressaltou que o trabalho de pesquisa surgiu a partir de um problema: o que fazer com os peixes em quarentena até a conclusão do Aquário do Pantanal (atualmente Bioparque).
Os biólogos do Imasul, Heriberto Gimênes e Ricardo Rech, organizadores do Guia Ilustrado de Peixes do Pantanal e Entorno
“Esse é o primeiro catálogo de peixes do Pantanal que temos no Estado. Então, temos um livro inédito. Mas, o mais importante foi o estudo para isso. Ele surgiu de um problema quando, em 2015, nós tínhamos que absorver os peixes que estavam previstos para o aquário. O Bioparque não existia. A partir daí montamos a quarentena, a pesquisa para que a gente pudesse começar a reprodução e foi importante a identificação de novas espécies”, afirmou o secretário.
A trajetória de elaboração do livro se confunde com a história do Bioparque Pantanal. A obra foi escrita a partir da experiência de quarentena dos peixes e do trabalho de expedições, coleta e observação de espécies na Bacia do Alto Paraguai, que hoje povoam o maior aquário de água doce do planeta. “Tivemos mais de 60 pontos de coleta, 67 expedições e mais de 200 dias em campo”, explicou o biólogo Heriberto Gimênes, coordenador do Laboratório de Ictiologia do Imasul (LII) e um dos organizadores do Guia, juntamente com o biólogo Ricardo Rech, que também atua no LII.
Também estiveram presentes no lançamento a diretora-presidente do Imasul, em exercício, Thais Caramori; o gerente de Recursos Pesqueiros e Fauna, Vander Melquíades de Jesus; o gerente de Unidades de Conservação, Leonardo Palma; o gerente de Recursos Hídricos, Leonardo Sampaio; o gerente de Recursos Florestais, Oswaldo dos Santos e o gerente de Administração e Finanças, Roberto Silveira.
O Guia traz o conhecimento científico gerado pela equipe do Imasul e pelo esforço conjunto com 26 pesquisadores, além de centenas de pessoas que contribuíram para consolidar este instrumento de divulgação da diversidade de peixes deste Bioma. “É um legado sobre a ictiofauna de nossa região pantaneira que deixamos para pesquisadores e futuras gerações”, lembra Ricardo Rech.
Na publicação, constam informações sobre taxonomia (classificação e descrição das espécies), manejo, reprodução, bem-estar, nutrição e sanidade dos peixes de água doce. O ineditismo está mais do que presente no trabalho. Além da descoberta de espécies até então desconhecidas, o estudo também resultou na reprodução de vários peixes, sendo que algumas dessas espécies nunca haviam se reproduzido em cativeiro. “Nós tivemos a reprodução de 73 espécies de peixes. Nenhum lugar do mundo tem isso. Muitos peixes que estão aqui, no Bioparque Pantanal, nasceram no nosso Laboratório de Ictiologia”, explicou o Heriberto.
Ricamente ilustrado, permite a identificação de 370 espécies de peixes, sendo o primeiro guia de identificação a apresentar informações sobre o colorido de espécimes em vida e espécimes preservados em álcool, além de abordar de forma sutil e clara, informações inéditas sobre a taxonomia e notas de história natural, uma obra indispensável para estudantes, pesquisadores ou público interessado sobre os peixes do Pantanal. O livro tem 670 páginas e está disponível para download na página do Imasul na internet, através do link de “Publicações”.
O Laboratório de Ictiologia do Imasul está em atividade desde 2015 e abriga 10 mil peixes de 220 espécies - sendo 135 espécies pantaneiras – distribuídos em 150 tanques. A equipe técnica – composta por servidores do Imasul e bolsistas de universidades parceiras – é responsável pela elaboração de protocolos de manejo dessas espécies, alimentação e todos os cuidados para mantê-los em ambiente saudável e protegidos. Além disso, no laboratório são desenvolvidos estudos científicos para descoberta de técnicas de reprodução de espécies ameaçadas de extinção, sobretudo peixes coloridos considerados ornamentais.
