Publicado em 24/02/2015 16h43

Bloqueios nas estradas continuam; são 14 rodovias federais em 11 estados

Os protestos promovidos por transportadores e caminhoneiros contra os baixos preços de frete e os custos com combustíveis prejudicam o transporte de cargas e o escoamento de produtos do agronegócio em diversos Estados brasileiros nesta segunda-feira.
Por: Notícias Agrícolas

Na Fernão Dias (BR-381), principal ligação entre Belo Horizonte e São Paulo, há pelo menos quatro pontos com bloqueios em Minas e longas filas de caminhões, segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e a concessionária da rodovia.

Já os bloqueios na BR-163, principal rodovia de Mato Grosso, maior produtor brasileiro de grãos, entraram no sexto dia nesta segunda-feira, com interrupções em cinco trechos, preocupando agricultores do norte do Estado, que temem ficar sem diesel para as máquinas que realizam a colheita de soja.

Desde o início da manhã há interrupções para o trânsito de caminhões na BR-163 em Cuiabá, Rondonópolis, Nova Mutum, Lucas do Rio Verde e Sorriso, com formação de filas de três quilômetros em alguns pontos, informou a concessionária Rota do Oeste.

Também há registros de paralisações em estradas federais no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Goiás, Mato Grosso do Sul e Paraná, segundo a PRF.

Reflexos para o agronegócio

Produtores de aves e suínos estão enfrentando dificuldades no abastecimento de insumos e liberação de cargas perecíveis em meio aos vários piquetes armados por frentes sindicais de caminhoneiros, disse nesta segunda-feira a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).

A associação disse que os protestos afetam regiões produtoras de aves e suínos, no Sudeste e no Sul, e podem comprometer também o transporte e a exportação de produtos. O Brasil é o maior exportador de carne de frango.

Em Mato Grosso, a BR-163 é responsável pelo escoamento de 70 por cento da safra de grãos do Estado, principal produtor de soja do país, e também é a única rota de chegada de insumos para muitos municípios no norte e médio-norte mato-grossense.

As manifestações ocorrem em um período em que os trabalhos de colheita estão intensos, preocupando compradores e agricultores.

Em alguns municípios pequenos, como Vera, já há registros de falta de óleo diesel para abastecer propriedades rurais, relatou o vice-presidente da Associação dos Produtores de Soja (Aprosoja) para a região norte de Mato Grosso, Silvésio de Oliveira.

"A preocupação existe, por conta do desabastecimento. Ainda não é uma coisa generalizada, mas daqui a pouco começa a faltar óleo diesel. Em alguns municípios mais de fora já há problemas", disse Oliveira à Reuters.

A colheita de soja em Mato Grosso atingiu até a sexta-feira 25 por cento da área plantada, contra 45 por cento na mesma época do ano passado.

"O que preocupa é o diesel", disse o produtor de soja Jucelino Dalmolin, que na noite de domingo, mesmo sem a luz do sol, coordenava o trabalho de colheita de suas lavouras em Sinop, recuperando o atraso causado por chuvas recentes na região.

Negócios afetados

Na sexta-feira, fontes do mercado já sinalizavam que os bloqueios na BR-163 começavam a afetar os negócios com a soja de Mato Grosso.

Grandes tradings, que realizam o processamento e a exportação da soja, têm oferecido preços menores pela soja no mercado à vista, tentando precaver-se de possíveis despesas com multas por atraso no embarque de navios.

Enquanto isso, produtores, em geral capitalizados pelas boas safras dos últimos anos, pedem valores maiores pelo produto, esfriando o fechamento de negócios.

Os bloqueios em rodovias de Mato Grosso estão sendo organizados por caminhoneiros e donos de transportadoras que reclamam dos baixos preços de frete praticados atualmente e dos altos custos de operação --pela distância em relação aos principais polos de refino, o diesel é ainda mais caro em Mato Grosso do que em outras áreas do país.

Os manifestantes pedem ações do governo do Estado para reduzir impostos sobre o diesel e balizar os preços pagos pelo transporte.

A Petrobras elevou ao final do ano passado os preços do diesel na refinaria, e posteriormente o governo federal reimplementou alguns tributos incidentes sobre os combustíveis, como a Cide, com impacto no valor da bomba.