Publicado em 04/03/2022 10h09

Adubo só até Maio, diz Anda

De acordo com dados de agentes de mercado, situação é crítica.
Por: Leonardo Gottems

O Brasil só tem estoque de fertilizantes suficientes para abastecer o mercado doméstico até o mês de Maio, afirma a Anda (Associação Nacional para Difusão de Adubos). A informação contraria garantia dada pela ministra da Agricultura, Tereza Cristina, segundo a qual o País teria adubo até o mês de outubro. 

Além da escassez de insumos que se arrasta desde a pandemia, a guerra entre a Rússia e Ucrânia afetou ainda mais as cadeias de distribuição de fertilizantes. A questão é extremamente sensível para os produtores rurais brasileiros, que importam nada menos que 85% dos fertilizantes. Confira o comunicado na íntegra:

“A Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda) lamenta o conflito entre a Rússia e a Ucrânia e reforça que é prematuro avaliar em profundidade os possíveis impactos ao agronegócio brasileiro.

A entidade esclarece que o Brasil possui atualmente estoque de fertilizantes para os próximos três meses, de acordo com dados de agentes de mercado.

Destaca-se que o volume atual encontra-se acima da média dos anos anteriores. Registra-se que o País importa cerca de nove milhões de toneladas por ano de insumos para fertilizantes do Leste Europeu, ou seja, em torno de 25% de tudo o que compramos no exterior.

A Anda segue atenta ao fornecimento de cloreto de potássio, pois mais de dois milhões de toneladas já estavam comprometidas com as sanções anteriores à Bielorrússia. E a atenção justifica-se, dado que três milhões de toneladas de cloreto de potássio têm como origem a Rússia.

Outro ponto de atenção destacado pela Anda refere-se aos fertilizantes nitrogenados, em especial nitrato de amônio, porque importamos volume expressivo da Rússia. Com relação aos fosfatados, a dependência do Leste Europeu é menor, o que atenua os impactos de abastecimento para a safra atual.

Vale ressaltar que, embora já existam restrições bancárias que causam insegurança e dificuldades para o fluxo de pagamento, as transações estão sendo realizadas entre empresas privadas.

Outra questão acompanhada com cautela pela Anda é a logística marítima, por conta das restrições que inibem temporariamente o fluxo de navios à região do conflito, acarretando dificuldades para transportar os insumos, como registrado nas operações no Mar Negro. Nesse sentido, o mercado está buscando soluções para cenários como os que estamos enfrentando.

No caso específico da Bielorrússia, deve-se registrar que o setor já encontrava restrições, devido às sanções internacionais relativas ao posicionamento de seu governo, contestado pela maioria das ações. Dentre as sanções, a proibição do transporte de produtos bielorrussos, incluindo o potássio, pelo território da Lituânia impossibilita o acesso aos portos marítimos.

A Anda reafirma acreditar na diplomacia brasileira e segue seu compromisso em buscar atender à demanda nacional, como acontece até o momento, e continua promovendo diálogos sobre o cenário geopolítico com seus associados, setor agrícola, indústria, sociedade civil e o governo”.