Publicado em 03/03/2022 18h36

Míssil atinge instalações de gigante dos fertilizantes

Crise só aumenta com guerra na Ucrânia e perspectiva é de preços mais caros.
Por: Leonardo Gottems

O prédio do escritório da Yara International em Kiev, na Ucrânia, foi atingido por um míssil durante a invasão do exército russo. De acordo com o CEO da gigante dos fertilizantes, Svein Tore Holsether, nenhum funcionário morreu, mas a situação é precária e o fornecimento de insumos será afetado pelo conflito. 

“Nossos pensamentos vão para todos os afetados – especialmente nossos colegas em terra na Ucrânia e nossos colegas ucranianos em outros lugares com familiares e amigos na zona de guerra. A Yara pede que esta guerra chegue ao fim – e que a Ucrânia continue como uma nação independente, livre e democrática”, afirmou Holsether.

Ele ressalta que “os agricultores agora estão ingressando em um estágio crucial da estação de plantio na qual fertilizantes, sementes e água determinam o sucesso da futura colheita. Os cálculos mais extremos indicam que se fertilizante não for adicionado ao solo, a safra pode ser reduzida em 50%”. O executivo lembra que a Ucrânia é um dos países líderes na produção agrícola mundial e grande fornecedor tanto de insumos como de grãos.

“As plantas necessitam de nitrogênio, fosfato e potássio para crescer. O nitrogênio é suprido pela amônia, a qual é produzida com nitrogênio do ar e gás natural. A importância do gás tem ocupado a agenda no debate em torno dos altos preços do gás na Europa em 2021 e início de 2022”, diz o CEO, lembrando que 40% do suprimento de gás na Europa atualmente vem da Rússia, que ainda produz 19% do potássio. 

A perspectiva, de acordo com ele, é que os preços dos fertilizantes aumentem mais ainda. Antes mesmo do conflito entre Rússia e Ucrânia os preços do cloreto de potássio já haviam disparado. Com a guerra e os embargos econômicos aos russos, é muito provável concluir que esses preços aumentem mais ainda. 

Com 11 milhões de toneladas/ano, o Brasil é o segundo maior importador de potássio no mundo, sendo que compra 84% do Canadá, Rússia e Belarus – país aliado dos russos. Os preços do cloreto de potássio no mercado doméstico brasileiro já haviam alcançado US$ 825/t em novembro de 2021, e agora o País passa a depender exclusivamente das importações do Canadá.