Publicado em 16/02/2022 20h21

Brasil deve ter maior quebra da história na soja

Consultoria projeta pelo menos 23,6 milhões de toneladas do que era esperado.
Por: Eliza Maliszewski | Agrolink

A seca nos estados do Sul e no Mato Grosso do Sul deve ser a responsável pela maior quebra na história da safra de soja no Brasil. Segundo um levantamento feito pela consultoria Pátria AgroNegócios a nova previsão de produção é de baixa de 14,2 milhões de toneladas sobre a projeção de janeiro e está 23,64 milhões de toneladas abaixo do potencial produtivo esperado pela consultoria em dezembro.

Com este cenário o país deve colher 122 milhões de toneladas. A primeira projeção indicava 138 milhões de toneladas. Depois, um novo levantamento aumentou a estimativa para 145 milhões em dezembro, que foi a máxima, antes dos cortes pelo La Niña, de acordo com o que a consultoria informou à Reuters.

“A variação no ano a ano está em apenas 10,8%, porém o mercado não olha isso, o mercado olha qual era a oferta projetada inicialmente e qual é a produção que se estima agora. Aqui no Brasil estamos presenciando a maior quebra produtiva de safra, em valores absolutos, da história. A gente nunca teve tanta quebra de soja aqui no nosso país”, disse o diretor da Pátria, Matheus Pereira.

O estado que concentra as maiores perdas é o Rio Grande do Sul, com quebra de 52,3% ante o potencial estimado  no começo da temporada, para 10,3 milhões de toneladas. Na safra passada o estado ultrapassou as 20 milhões de toneladas da oleaginosa, ocupando o posto de vice-líder na produção nacional.

No Paraná, outro estado bastante afetado pelo clima, a quebra está projetada em 43,4%, para 12,06 milhões de toneladas. O representante da consultoria também disse que como a soja ainda está em fase de colheita e a produtividade de todos os estados não foi mensurada totalmente, há possibilidade de novas quedas nas projeções de produção. “Tanto para o Brasil, quanto para a Argentina ainda temos ajustes finos para serem feitos. Então, os 122 milhões esperados para a safra brasileira têm um viés de baixa", completou.

O clima severo também afetou outros países da América do Sul. Em relação à Argentina e ao Paraguai, o diretor ressaltou que somando as perdas destes países às do Brasil, estaria configurada a maior quebra de safra de soja também para a América do Sul. Os três países deixarão de colher 40,9 milhões de toneladas do grão em 2021/22, ante o potencial inicial para a safra.

“O cenário em solo argentino é de catástrofe generalizada. O grande padrão das lavouras que visitamos na Argentina ou era ruim ou era péssimo”, afirmou o especialista. Neste contexto, ele destaca que “quebras recordes exigem patamares recordes de preço” e cortes de demanda, citando que este seria o desenho do mercado para a temporada atual.

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