Publicado em 14/10/2020 12h33

Bayer e Basf tentam reverter bloqueio do agrotóxico dicamba nos EUA

Empresas buscam novo parecer da Agência de Proteção Ambiental após Justiça ter bloqueado uso do produto para lavouras de soja e algodão
Por: Estadão Conteúdo

pulverizador

As fabricantes de herbicidas Bayer e Basf tentam, junto à Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA, na sigla em inglês), um novo parecer positivo para o dicamba, após decisão de um tribunal do país ter bloqueado o uso do produto para lavouras de soja e algodão.

A EPA tinha aprovado o registro do defensivo, mas a Justiça decidiu suspendê-lo devido a reclamações de produtores aos departamentos estaduais de agricultura nos EUA. A queixa é de deriva, ou seja, após a aplicação, o defensivo acabaria chegando a outros cultivos, prejudicando essas lavouras.

O Tribunal de Recursos para o Nono Circuito dos EUA decidiu em junho que a EPA, ao aprovar os herbicidas das empresas em 2018, não reconheceu os riscos dos produtos. A aprovação da EPA ao dicamba já estava programada para expirar no fim do ano. Parecer posterior da agência autorizou uso limitado de estoques de químicos existentes e já adquiridos.

Além disso, a decisão do tribunal teve efeito limitado sobre os agricultores neste ano porque, em meados de junho, muitos já haviam terminado de aplicar defensivos. Tanto Bayer quanto Basf, que têm produtos à base do dicamba, propuseram que produtores misturassem o herbicida com novos agentes químicos que, segundo as empresas, ajudariam a reduzir sua volatilidade.

"Esperamos que isso permita à EPA usar a ciência e tomar uma decisão", disse o gerente de produto dicamba da Bayer, Alex Zenteno. Executivos das duas companhias afirmam que o herbicida pode ser controlado se os agricultores seguirem as instruções de pulverização, e se prontificaram a fornecer treinamento aos produtores.

A Bayer, que vende o herbicida e sementes geneticamente modificadas com resistência a ele, anunciou em junho acordos que somarão até US$ 400 milhões para encerrar ações judiciais nos EUA envolvendo o dicamba.

O administrador da EPA, Andrew Wheeler, disse que pesquisadores da agência ainda estão revisando os dados das pulverizações das culturas com o dicamba. "Pretendemos tomar uma decisão até meados de outubro", disse ele ao Minnesota Farm Bureau.

Um porta-voz da EPA afirmou que a agência levará em conta a decisão da Justiça norte-americana para deliberar sobre novas aprovações do dicamba, necessárias para os agricultores poderem pulverizar as lavouras com o herbicida no próximo ano.