Publicado em 15/05/2020 19h06

Pouca reação nas cotações de soja em Chicago

Com isso, o fechamento desta quinta-feira (14), para o primeiro mês cotado, ficou em US$ 8,35/bushel
Por: Aline Merladete | Agrolink

As cotações da soja em Chicago reagiram um pouco durante a semana, porém, após o anúncio do relatório de oferta e demanda do USDA , no dia 12, as mesmas recuaram. Com isso, o fechamento desta quinta-feira (14), para o primeiro mês cotado, ficou em US$ 8,35/bushel, contra US$ 8,41 uma semana antes.

Análise da Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário

A reação anterior ao relatório se deu em função de novas compras chinesas de soja nos EUA; de algumas preocupações com o clima nas regiões produtoras dos EUA; e da alta no preço do petróleo. Neste sentido, as vendas líquidas de soja estadunidense, na semana encerrada em 30/04, somaram 653.100 toneladas no ano 2019/20, ficando 19% acima da média das quatro semanas anteriores. Já as inspeções de exportação, na semana encerrada em 07/05, somaram 496.498 toneladas, acumulando 34,4 milhões de toneladas no atual ano comercial, contra 32,7 milhões um ano antes.

Todavia, a tensão entre China e EUA, no contexto da pandemia do novo coronavírus, acabou prevalecendo e o mercado cedeu posteriormente. Somou-se a isso os números baixistas vindos no relatório do dia 12/05, embora em boa parte o mercado já os havia precificado.

O referido relatório apontou o seguinte para a safra 2020/21 nos EUA e no mundo:

1) A área a ser semeada nos EUA atingiria 33,8 milhões de hectares, esperando-se uma produtividade média de 3.348 quilos/hectare ou 55,8 sacos/ha;

2) A produção final dos EUA chegaria a 112,2 milhões de toneladas, contra as 96,8 milhões da frustrada safra passada;

3) Os estoques finais nos EUA ficariam em 11 milhões de toneladas, contra 15,8 milhões um ano antes;

4) O preço médio aos produtores de soja nos EUA permaneceria em US$ 8,20/bushel neste novo ano comercial;

5) A produção mundial de soja subiria para 362,8 milhões de toneladas (26,7 milhões acima do ano anterior), enquanto os estoques finais recuariam para 98,4 milhões, contra 100,3 milhões de toneladas um ano antes);

6) A produção do Brasil somaria 131 milhões de toneladas na nova safra, enquanto a da Argentina ficaria em 53,5 milhões de toneladas;

7) As importações da China aumentariam para 96 milhões de toneladas, contra 92 milhões previstas para o corrente ano comercial.

Para completar o quadro negativo, o presidente do Banco Central dos EUA informou que a economia estadunidense irá demorar para se recuperar dos efeitos da pandemia.

Isso levou o petróleo a recuar e o dólar a subir, tirando competitividade da soja e outras commodities.
Além disso, o plantio nos EUA chegou a 38% da área no dia 10/05, contra 23% na média histórica para esta época do ano, aproveitando-se de um clima favorável.

Na Argentina, a colheita da atual safra chegava a 73% da área até o dia 07/05, contra 62% um ano antes nesta época. No Brasil, no entanto, graças a uma nova disparada cambial, quando a moeda brasileira chegou a ultrapassar os R$ 5,90 por dólar na semana, os preços voltaram a subir. O balcão gaúcho fechou na média de R$ 99,88/saco, enquanto os lotes oscilaram entre R$ 110,00 e R$ 110,50/saco. Nas demais praças nacionais os lotes registraram os seguintes preços médios: R$ 108,50 no centro e norte do Paraná; R$ 96,00 em Sorriso (MT); R$ 93,00 em São Gabriel (MS); R$ 99,00 em Goiatuba (GO) e R$ 99,00 em Pedro Afonso (TO); R$ 101,00 em Uruçuí (PI) e R$ 112,00/saco em Campos Novos (SC).

O prêmio nos portos brasileiros recuou um pouco, ficando entre US$ 0,40 e US$ 0,69/bushel. Portanto, os preços da soja continuam se valorizando única e exclusivamente em função do câmbio.

Por sua vez, a comercialização da safra 2019/20 no Brasil atingia a 85% do total colhido no dia 08/05, contra 59% na média histórica. No Rio Grande do Sul, o volume já vendido chegava a 82%, contra 41% na média. (cf. Safras & Mercado) Ou seja, os produtores estão aproveitando estes preços de exceção, pois os mesmos podem não durar muito tempo.

Já a comercialização antecipada da safra 2020/21, até o dia 08/05, chegava a 32% no país, contra 8% um ano antes, sendo que no Rio Grande do Sul a mesma atingia a 15%, contra 2% no ano anterior nesta data. (cf. Safras & Mercado) Igualmente aqui os produtores aproveitam as ofertas a preços muito elevados, pois dificilmente, em condições normais de safra e de economia, os mesmos se sustentarão na colheita do próximo ano. 

Enfim, a produção final de soja no Brasil, nesta última safra, está estimada agora em 124,6 milhões de toneladas, após 119,3 milhões um ano antes. A quebra importante de safra no Rio Grande do Sul (colheita estimada em 13,9 milhões de toneladas, contra 20,4 milhões no ano passado) teria sido largamente compensada pelo aumento na produção das demais regiões produtoras no país. (cf. Safras & Mercado) Entretanto, pelos números existentes no meio rural, a produção gaúcha teria ficado ainda mais abaixo deste volume indicado, ou seja, algo ao redor de 10 milhões de toneladas já que a quebra alcançou ao redor de 50%. Em isto se confirmando, a produção nacional cairia para 120,7 milhões de toneladas neste ano.