Publicado em 13/05/2020 20h34

Mercado de biológicos evolui rápido

Um estudo do Rabobank apontou a evolução e a transformação do mercado de biológicos
Por: Eliza Maliszewski | Agrolink

Um estudo do Rabobank apontou a evolução e a transformação do mercado de biológicos. O setor vem atraindo cada vez mais investimentos em pesquisa e desenvolvimento de produtos. O levantamento mostra que, entre 2015 e 2019, mais de 40 novas empresas registraram seu primeiro produto, elevando o número total de empresas com registros ativos no Brasil para aproximadamente 80 empresas no final de 2019. Com isso conclui que mais da metade das empresas do ramo existem há menos de 5 anos. 

Atualmente mais da metade das empresas, cerca de 40, possuem apenas um produto registrado. E as empresas com registro de até três produtos concentram 83% do total. Aquelas que possuem entre 4 e 10 produtos registrados junto a Anvisa somam 14%. Apenas duas empresas possuíam, em 2019, mais de 10 produtos registrados junto aos órgãos de controle. 

Crescimento demanda desafios

Segundo o Rabobank mesmo com a expansão nos últimos anos, o crescimento futuro dos biológicos depende de alguns pontos:

- O tamanho das propriedades: o sucesso do manejo integrado de pragas e doenças e da aplicação de biológicos está diretamente ligado à identificação das pragas e doenças em seus estágios iniciais de infestação. Além disso, a distribuição dos micro e macro organismos tem que ser uniforme em toda a área tratada. Nesse sentido, a disseminação de tecnologias de sensoriamento remoto e reconhecimentos de invasores acoplados aos drones e vants podem ser boas ferramentas.

 - Produtores tem a cultura de aplicação de produtos químicos por calendário: muitos nem sabem qual é o grau de infestação da lavoura ou mesmo se há alguma. Para que seja efetivo, é preciso que o controle biológico seja iniciado em um certo estágio das pragas e doenças. 

- Os produtos disponíveis ainda não combatem todas as pragas e doenças: ainda é necessário o uso de alguns químicos. 

- São poucas as consultorias agronômicas familiarizadas com os biológicos: o interesse cada vez maior por esses produtos somado à expansão das empresas deve aumentar o conhecimento desses agentes. 

Há mercado para expandir

Um dos maiores desafios da agricultura nos próximos anos será alimentar 9,1 bilhões de pessoas no mundo. Associado a isso está o fato de muitos países já terem cobranças da sociedade e ações efetivas para diminuir a aplicação de agrotóxicos. Na França o governo lançou, em 2008, um programa para reduzir o uso de defensivos químicos pela metade até 2025. Na China o programa ambiental enrijeceu os controles.

O crescimento do mercado brasileiro está ligado ao aumento da participação dos defensivos nos custos de produção; aumento do debate sobre produção agrícola sustentável e aumento do número de ativos biológicos disponíveis. 

No caso da soja, por exemplo, essa participação era de 25% no início da década e chegou a representar cerca de 35% nas safras 2015/16 e 2016/17. Na cultura do algodão, esse aumento foi ainda mais expressivo, na qual a representação dos defensivos saltou de 35% no início da década para uma participação acima de 50% na safra de 2013/14. 

A maioria dos produtos aprovados visa o controle de insetos, entretanto, também há biológicos com efeitos fungicida, nematicida, acaricida e bactericida. Ao todo, possuem ação contra mais de 120 pragas e doenças, como por exemplo: as lagartas do cartucho (Spodoptera frugiperda) e a broca da cana (Diatrea saccharalis); a mosca do fruto (Ceratitis capitata); os fungos mofo branco (Sclerotinia sclerotiorum) e Oidium sp; e os nematoides Heteroderaglycines e Meloidogyne incógnita, dentre outros.