Homem é detido por fiscais do Ibama ao tentar impedir fiscalização em terra indígena no Pará — Foto: Reprodução Twitter/edwardluz
A área de terra indígena onde o antropólogo Edward Luz foi detido após barrar uma investigação do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), bateu recorde de desmatamento no ano passado, segundo levantamento do Sistema Prodes. A Ituna-Itatá tem 142 mil hectares, está em processo de demarcação e é protegida por uma portaria que estabelece "restrição de uso" desde 2011.
Além dos dados do Prodes (monitoramento por satélites do desmatamento por corte raso na Amazônia Legal), o banco de dados do Instituto Amazônia e Sociedade (Imazon), que faz pesquisas sem fins lucrativos e inclui informações mensais sobre as terras indígenas, também indicou que a área degradada em Ituna-Itatá foi de 9 km², três vezes maior do que o território Yanomami, que perdeu 3 km² de floresta em janeiro de 2020.
"Em 2015 a Frente de Proteção do Xingu constatou pequenas invasões e áreas de desmatamento na região, que dava para ver que eram de não indígenas, porque era em área de mata fechada, aberta a facão, e os isolados não usam esta técnica. Isso mostra que a invasão da terra indígena está sendo intensificada", afirma Leonardo Lenin Santos, que foi coordenador de Proteção e Localização de Índios Isolados da Funai entre 2010 e 2015.
Quando foi preso, o antropólogo Luz afirmou que o Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, havia suspendido as fiscalizações no local. O ministro negou conhecer o ativista e defendeu a ação do Ibama, salientando que havia uma operação para retirar pessoas não-indígenas que estavam ocupando a área ilegalmente.
O território indígena de Ituna-Itatá abrange parte dos municípios de Altamira e Senador José Porfírio, no Pará.
Imagem de fiscalização do Ibama na terra indígena Ituna-Itatá em 21 de janeiro de 2020 mostra sinais de desmatamento ilegal. — Foto: Divulgação/Ibama