Publicado em 22/01/2020 18h17

Pluma norte-americana deve enfrentar competição brasileira pelo mercado chinês

Exportações dos EUA com destino à China podem voltar a nível próximo ao observado antes do início da Guerra Comercial
Por: Agrolink

Com a assinatura da Fase Um do acordo comercial entre China e Estados Unidos, há expectativas no mercado norte-americano de algodão sobre uma volta das exportações dos EUA para a China a um nível próximo ao observado antes do início da Guerra Comercial.

As exportações dos EUA da fibra natural para o país asiático começaram a apresentar reduções consideráveis a partir do 2º semestre de 2018, após o governo norte-americano impor tarifas sobre USD 34 bilhões em produtos chineses, resultando em uma retaliação chinesa, que impôs uma taxas adicionais de 25% sobre diversas mercadorias norte-americanos, inclusive o algodão, diminuindo sua competitividade diante outros exportadores.

Entre julho e dezembro de 2018, os EUA registraram embarques de 115,98 mil toneladas de algodão para a gigante asiática, contra 208,33 mil toneladas no mesmo período do ano anterior. Em 2019, a tensão comercial entre os dois países foi acentuada, levando a um recuo das exportações norte-americanas com destino à China entre janeiro e novembro, recuando 27% em comparação com o mesmo período de 2017, passando de 456,6 para 333,9 mil toneladas.

No cenário atual, adversidades apresentadas pela safra australiana e a dificuldade enfrentada pela Reserva Estatal da China na aquisição de algodão da região de Xinjiang podem incentivar a gigante asiática a recorrer ao algodão estadunidense.

Apesar disso, o fortalecimento da relação comercial entre China e Brasil e a previsão de mais uma forte safra brasileira devem dificultar a reconquista do espaço no mercado chinês de algodão perdido pelos EUA ao longo dos últimos dois anos.

“Houve uma redução do market-share detido pelos EUA no mercado doméstico chinês, passando de 31% na safra 2017/18 para 21% na safra seguinte. Tal recuo abriu espaço para que outros exportadores da pluma aumentassem sua participação no mercado chinês, como foi o caso do Brasil”, explica a analista de mercado da INTL FCStone, Gabriela Fontanari.

As importações do país sul-americano passaram de 82,1 mil toneladas na safra 2017/18 para 476,5 mil na safra 2018/19, resultando em aumento da participação brasileira na importação chinesa da fibra natural de 20 pontos percentuais, para 27%, superando o market-share norte-americano.

Publicidade