Publicado em 18/12/2019 11h23

Aumentar retenciones será “devastador” para o campo argentino, diz SRA

“Antes de passar pelo atalho, devem pensar em como reduzir as despesas da política"
Por: Leonardo Gottems - Agrolink

As principais entidades representativas do setor produtivo agrícolas argentino se mobilizam contra a medida do novo governo do país vizinho, que pretende aumentar as chamadas “retenciones”, o famigerado imposto sobre exportações. Líderes ruralistas apelam aos seus representantes no Congresso que “não endossem” esse aumento.

“Antes de passar pelo atalho para aumentar as retenciones, eles devem pensar em alternativas sobre como reduzir as despesas da política e muitas despesas improdutivas dos Estados em todos os níveis, que é uma verdadeira causa do déficit”, disse o presidente da Sociedade Rural Argentina (SRA), Daniel Pelegrina.

“Um aumento adicional de três pontos percentuais seria realmente devastador para a produção, as exportações e a capacidade do campo de gerar divisas, trabalho e atividade”, disse Pelegrina, que também pediu aos legisladores “que não validassem essa desapropriação”. O líder da SRA disse que o setor privado do país “não resiste ou tolera mais pressão tributária”.

Vice-presidente do Confederaciones Rurales Argentinas (CRA) Gabriel De Raedemaeker projeta que a medida não é sustentável: “Você poderá ter uma renda adicional neste ano, mas na próxima temporada, que começa em Março, os números vão mudar. O mercado paralelo acaba convergindo com esse tipo de câmbio e nossos custos, que são absolutamente dolarizados, equivalem à taxa de câmbio livre ou azul. Geramos uma inflação em dólares que acaba impactando os custos de produção”.

“Nada está descartado. Tentamos evitar o choque e o confronto, mas a realidade está nos superando. A produção se torna inviável devido aos preços dos produtos e aos nossos valores de consumo, frete e energia”, explicou De Raedemaeker.

Raúl Victores, ex-presidente da Sociedade Rural de San Pedro e líder ruralista, descreveu as retenciones como “absurdo”. Ele descreve o governo como “mitômanos” que há oito meses vêm prometendo o contrário do que fizeram. “Somos sempre os mesmos que contribuímos para tentar sair dos pântanos que eles mesmos geram”, conclui.