Publicado em 14/01/2015 08h38

MT: Arroba valoriza 35,9%

O desequilíbrio na oferta e na demanda de vacas prontas para o abate foi responsável pelo aumento do preço da arroba da fêmea no decorrer de 2014, em Mato Grosso. A valorização, fez com que a cotação da arroba da vaca se aproximasse da do boi, essa última, a mais apreciada no mercado. Esse indicador reduziu de 10,35% em 2013 para 7,71% em 2014. Diferente de anos difíceis, a vaca não foi para o brejo no ano passado. Pelo contrário, teve demanda, maior importância e o principal: valorização.
Por: Diário de Cuiabá

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Conforme dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), divulgados ontem, a alta acumulada entre janeiro e dezembro do ano passado, foi de 35,9% sendo 2,6 pontos percentuais a mais que a trajetória registrada no valor do boi. Essa majoração deixou a arroba com valor médio próximo a R$ 120. Em 2013 a cotação era de R$ 86,86.

Como reforçam os analistas do Imea, o abate total em 2014 fechou 8,5% menor que o de 2013, ou seja, 500 mil cabeças a menos foram encaminhadas aos frigoríficos de Mato Grosso. “A diminuição no abate de fêmeas foi o que mais influenciou este quadro, tendo em vista que 300 mil vacas deixaram de compor a escala de abate dos frigoríficos do Estado e foi esse desequilíbrio entre a oferta e a demanda que elevou os preços de toda a cadeia. Com o início de mais um ciclo de retenção de matrizes, esta diferença tende a permanecer ou até mesmo diminuir, ou seja, é hora de aproveitar e selecionar as melhores matrizes, descartando as que não emprenharem nesta estação de monta”.

Para o gerente de projetos da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Fabio da Silva, o último ano foi marcado por recuperação de preços no setor. Para ele, houve um incentivo tímido para a realização de investimentos. "Mas é preciso salientar que a renda do pecuarista ainda não está boa. Isso porque, os custos de produção cresceram na mesma proporção em que o preço da arroba".

Silva explica que o aumento dos preços é resultado da queda nos abates de fêmeas e da demanda elevada pela carne bovina. "Os pecuaristas estão retendo as matrizes para repor o rebanho", diz. Há alguns anos, para melhorar a liquidez das fazendas, os pecuaristas descartaram muitas fêmeas e nos últimos dois anos, o crescimento do rebanho sentiu a consequência da falta de matrizes para gerar os bezerros. O abate de vacas é sempre um sinal de que a rentabilidade aos criadores não está boa. Com a valorização da arroba do boi durante todo o ano passado, foi possível reter as vacas nos pastos.

A proporção de fêmeas encaminhadas aos frigoríficos em 2014 ficou em 44,62%, enquanto em 2013 elas representavam 45,78% do total abatido no Estado. Outro que justifica a opção por manter as vacas vivas é a valorização do bezerro. “Essa menor quantia, dentre outros motivos, foi consequência da expressiva valorização da reposição. O bezerro de ano, por exemplo, custou R$ 823,23/cab em janeiro de 2014, e R$ 1.124,23/cab em dezembro do mesmo ano, uma valorização de 36,57%, que superou a da vaca”, destaca Silva.

DEMANDA – Como observa o Imea, no último mês de 2014 observou-se um leve aumento na quantidade de fêmeas abatidas, passando de 156,6 mil para 188,3 mil cabeças entre novembro e dezembro de 2014, uma alta de 20,2%. Dessa forma, a proporção de fêmeas encaminhadas aos frigoríficos em 2014 ficou em 44,62%, enquanto em 2013 elas representavam 45,78% do total abatido no Estado. “Historicamente, no primeiro semestre do ano tem-se uma quantidade maior de fêmeas encaminhadas à linha de abate do que no restante do ano, porém, com o preço do bezerro nos atuais patamares, esse quadro pode não se concretizar neste primeiro semestre tendo em vista o atual cenário. Resta observar como se comportará o mercado neste início de ano”. (Com assessoria)