Uma reunião entre técnicos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e a cadeia produtiva do arroz, nesta terça-feira, confirmou a realização de um leilão do cereal em casca, depositado no Rio Grande do Sul, para o próximo dia 15. O presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Estado do Rio Grande do Sul (Federarroz), Henrique Osório Dornelles, esteve presente ao encontro. A proposta de consenso é para ofertar 75 mil toneladas, mas ainda está sujeita a alterações pois passará por avaliação e aprovação da ministra Kátia Abreu.
O presidente da Federarroz considera que restou comprometido o encaminhamento de um pedido de cancelamento total dos leilões e até mesmo de diminuição da oferta, uma vez que no pregão mais recente, em dezembro passado, foram registrados ágio e absorção de toda a oferta. Além disso, os indicadores de preços registram crescimento. Com base nestes argumentos, tornou-se difícil demover o governo federal de seu intuito. Apesar disso, representantes do MAPA, da Conab e da cadeia produtiva agendaram novo encontro, após o leilão do dia 15, para avaliarem os resultados e impactos da medida sobre a comercialização e os patamares de preços ao agricultor.
Os representantes governistas reforçaram que não existe, por parte da Conab e do Ministério da Agricultura, a intenção da derrubada de preços ao produtor. O que está norteando a decisão é a regra do Preço de Liberação de Estoques (PLE), que deflagra a oferta sempre que o preço médio da saca de 50 quilos no Rio Grande do Sul superar o valor de R$ 34,50 pelo indicador de preços do arroz em casca ESALQ/Bolsa Brasileira de Mercadorias-BM&FBovespa. "Qualquer notícia ventilada sobre um segundo leilão é mera especulação nociva à atitude da Federarroz de trabalhar e pensar o conjunto da cadeia produtiva", alerta Henrique Osório Dornelles.
Embora preocupados com a proximidade entre a movimentação comercial do governo federal e a entrada da nova colheita, os dirigentes arrozeiros reforçam a expectativa de preços estáveis. Entre outras razões, destacam o reconhecimento, por parte da Conab, de que está operando apenas com saldos do cereal, e não mais com estoques. Na realidade, o governo federal dispõe ainda de menos de 250 mil toneladas de arroz em casca. E não há programação para outros leilões. Com isso, vale lembrar que a negociação da oferta, a ser confirmada em 75 mil toneladas, reduzirá o saldo de produto estocado pela Conab para cerca de 170 mil toneladas, o menor das últimas décadas.
“O governo operando apenas com saldos, a produção ajustada à demanda, o dólar valorizado e incentivando a competitividade externa do arroz brasileiro são fatores que nos dão segurança de estabilidade nos preços ao longo de 2015. Mesmo com a alta dos custos de produção, o setor projeta pequena rentabilidade na média do próximo ano, com patamares de preços similares aos de 2014”, tranquiliza Henrique Osório Dornelles.
Custos - Por fim, o presidente da Federarroz aproveitou a reunião no MAPA para solicitar ao secretário Nacional de Política Agrícola, Wilson Vaz de Araújo, a revalidação dos painéis para determinação do custo de produção do arroz, pela Conab, que referencia, entre outras coisas, o estabelecimento dos preços mínimos do cereal. E convidou a todos para o acompanhamento da Abertura Oficial da Colheita do Arroz, em Tapes (RS), que no dia cinco de fevereiro abordará um estudo amplo e profundo sobre custos de produção na lavoura gaúcha.