Publicado em 08/01/2015 13h25

RS: Santa Maria terá agroindústria de plantas condimentares

Em Santa Maria, na região Central, a Emater/RS-Ascar e a Secretaria Municipal do Desenvolvimento Rural (SMDR) estão desenvolvendo um projeto de cultivo e agroindustrialização de plantas condimentares, em parceria com os produtores rurais da localidade de Alto das Palmeiras, no interior do município.
Por: Emater - RS

pimenta

Sete famílias dessa localidade produzem pimenta, manjericão, alecrim, canela doce, cravo da índia, pimenta da Jamaica, louro e orégano, este último o principal produto a ser cultivado no projeto. A produção visa atender o mercado local, visto que todo o condimento comercializado vem de fora do município. O dado foi apontado por uma pesquisa feita pela Emater/RS-Ascar e prefeitura.

A produção de plantas condimentares ou de temperos é uma alternativa inovadora para as pequenas e médias propriedades e, frente à realidade de Santa Maria, onde praticamente todos os condimentos vem de fora e até mesmo do exterior, a iniciativa torna-se interessante e promissora para os produtores, diz o chefe do escritório municipal da Emater/RS-Ascar de Santa Maria, engenheiro agrônomo Francisco Alberto Traesel. 

Os produtores já estão discutindo as oportunidades e os problemas da cadeia produtiva, enfatizando as boas práticas agrícolas na produção para a obtenção de material de qualidade. Nesta terça-feira (06/01), houve o primeiro Dia de Campo do grupo, com a realização de palestras e visita às áreas iniciais de plantio, no Alto das Palmeiras. 

A primeira exposição foi feita pela professora da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Melânia Palermo Manfron, sobre plantas bioativas, cultivo, dessecação, estabilização e conservação de plantas. Melânia destacou a diferenciação das espécies e a identificação de cada uma delas. Conforme a professora, há possibilidade de criação imediata de um projeto paralelo com a própria UFSM, para a identificação das plantas produzidas pelo grupo, abrindo caminho para a emissão futura dos laudos de procedência dos cultivos. 

Após a apresentação da professora da UFSM, ocorreu a exposição do diretor executivo da Distribuidora de Temperos Amazonas, de Santa Maria, Thiago Tagliari, sobre comercialização e mercado de condimentos. O representante da empresa afirmou que tem interesse em comprar a produção das famílias produtoras de Santa Maria. Primeiramente para complementar a demanda já existente e, futuramente, passar a comprar a produção apenas dos produtores de Santa Maria, afirmou Tagliari. Para exemplificar, o diretor citou o caso do orégano que, atualmente, é todo importado do Chile.

Projeto RS Biodiversidade 
A produção de plantas condimentares em Santa Maria foi incluída como subprojeto do Projeto RS Biodiversidade, executado pela Emater/RS-Ascar nas áreas do Bioma Pampa e da Mata Atlântica para a preservação dos recursos naturais. Desta forma, além de serem beneficiados com as mudas de plantas condimentares, os produtores receberam mudas de frutíferas, de plantas ornamentais e nativas para serem incorporadas ao cultivo principal, visando a sua integração aos objetivos de preservação ambiental do RS Biodiversidade.

Os equipamentos para a agroindústria também foram adquiridos com recursos do RS Biodiversidade, e a Prefeitura de Santa Maria cedeu o espaço físico para sua instalação, próximo a uma escola agrícola da localidade de Alto das Palmeiras. O prédio será concluído dentro de três meses e será destinado à secagem e embalagem de chás e ervas aromatizantes e condimentares, ocupando uma área construída de 54 m², com áreas de recepção, moagem, embalagem e expedição. O investimento total é de R$ 46 mil, oriundos do Projeto RS Biodiversidade.

A Emater/RS-Ascar promoverá junto aos produtores cursos de Boas Práticas de Fabricação e Boas Práticas de Higiene (BPF/BPH), o reconhecimento das plantas condimentares, as orientações de cultivo e orientação técnica para o comércio, capacitação para a produção e o associativismo, além da tecnologia para preparo e beneficiamento da comercialização, dentre outras ações para que o produtor possa produzir tais espécies em sua propriedade.

Silvana Rossi, que é uma das integrantes do projeto com plantas condimentares, destaca que vai ser um trabalho muito proveitoso, tanto no âmbito comercial quanto social. Tudo é difícil no início, mas esse projeto é uma porta aberta para nós trabalharmos com produtos ecológicos e sem aditivos químicos. Tenho uma boa expectativa em relação a esse trabalho, pois além do valor lucrativo, também será a oportunidade de valorizarmos a nossa produção. 

A produtora Gládis Freitas também salienta a oportunidade comercial que esse projeto oferece, afirmando que a expectativa é formar com o grupo uma cooperativa e assim obter um ganho extra.

Já a produtora Mara Janete Forgiatto afirma que é uma forma de valorizar mais a propriedade, agregando valor, bem-estar e também um amplo resgate da agricultura familiar. Por meio desse trabalho poderemos incentivar nossos filhos a se dedicarem à atividade da agricultura, completou Mara Janete.

A produtora Helena Freitas também vê com bons olhos o projeto de plantas condimentares. Para mim, o objetivo desse trabalho é incentivar a gente a plantar mais mudas, efetuar o reflorestamento e também ter uma forma de melhorar a biodiversidade. Estou gostando muito de participar, pois com ele aprendemos muito, afirma Helena.

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