Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) mostram que, em 2013, os estoques de Aquisições do Governo Federal (AGF) chegaram a 346,2 mil toneladas, menor nível desde 2009. Na mesma linha, as 554,3 mil toneladas adquiridas através de Contratos de Opção marcaram o volume mais baixo desde o ano de 2008.
Com o intuito de suprir áreas de escassez na oferta e reequilibrar o mercado de preços e produção, a Conab realizou, na última semana, mais um leilão de venda de arroz, uma vez que o preço praticado no Rio Grande do Sul - maior estado produtor - está cerca de R$ 15 acima do mínimo estabelecido pela companhia.
"A grande diferença deste período é que não temos grandes estoques remanescentes de outras safras, isso dá ao produtor um pouco mais de poder de barganha", explica o presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Henrique Dornelles.
Nesta relação entre oferta e procura, a analista de mercado do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), Maria Aparecida Braghetta, destaca que os produtores estão retraídos, preocupados com o desenvolvimento da lavoura e à espera de valores melhores. Do outro lado, a indústria mantém a demanda aquecida a fim de cumprir seus contratos nos mercados interno e externo. "Este movimento valoriza os lotes, principalmente, no período em que estamos, de baixa oferta", acrescenta.
Com foco em Serra Leoa, Nigéria, Iraque, Cuba e Venezuela, as exportações aparecem entre os objetivos do setor, responsáveis por cerca de 10% da produção da safra 2014/2015.
"Vale lembrar que o dólar alto ainda favorece a venda para o mercado externo, apesar de piorar os custos de produção. Importamos entre 900 mil e um milhão de toneladas apenas por força de um acordo com o Mercosul", enfatiza o presidente do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), Cláudio Pereira.
Produção
O último levantamento do Irga, divulgado na segunda-feira (15.12), indica que 98,54% da área gaúcha destinada ao arroz está plantada, um total de 1,10 milhão de hectares.
O presidente da Federarroz conta que, mesmo com o período ideal para plantio tendo terminado em meados de novembro, a região deve produzir entre 8,2 e 8,4 milhões de toneladas, em linha com o resultado de 2013/2014 ou com um leve crescimento.
Pereira lembra que pelo menos 80% da safra foi plantada na data correta e, se o clima de janeiro e fevereiro for bom, é possível manter a produtividade e qualidade do grão.
"O arroz plantado em dezembro entrará no período reprodutivo em março, quando a tendência é de chuva e menos luminosidade. Geralmente, esta etapa acontece até fevereiro, porque o sol ajuda o desenvolvimento dos cultivares. O ideal, agora, é que não chova tanto em março", comenta Dornelles. Para a analista do Cepea, é cedo para prever 2015, vai depender do clima e como a indústria se preparou para o primeiro trimestre.