Publicado em 19/04/2018 16h56

ILPF também pode atender o mercado de agroenergia

Experimentos iniciaram há dois anos
Por: Aline Merladete | Agrolink

Há dois anos iniciaram os experimentos para Integração Lavoura-Pecuária-Florestas (ILPF) poder atender o mercado de agroenergia, conferindo ainda mais sustentabilidade ao setor e gerando renda para a agricultura familiar. No Nordeste brasileiro, a Embrapa e o World Agroforestry Centre (Icraf), estão utilizando a macaúba em consórcio com culturas alimentares visando agregar maior sustentabilidade à produção de matéria-prima para biocombustíveis.

Os experimentos estão sendo realizados em dois locais: em Parnaíba, no Piauí, região litorânea; e em Barbalha, no Ceará, bem no interior do Nordeste. A macaúba é o componente desse sistema agroflorestal com potencial para integrar a cadeia produtiva de biocombustíveis. A palmeira, nativa do Brasil, gera frutos com volume de óleo comparável ao do dendê, que é campeão em produtividade.  O óleo que a macaúba produz pode atender à produção de dois combustíveis de origem renovável: o biodiesel, já presente no Brasil, e o bioquerosene de aviação, um produto ainda em consolidação, com grande potencial de mercado. Além disso o óleo pode vir a atende também a indústria de alimentos e cosméticos.

Enquanto espera-se a macaúba dar os primeiros frutos, os pesquisadores já avaliam a produção de feijão-caupi e milho, plantados em conjunto com a palmeira. “Com duas safras colhidas, já se observou que não há efeitos negativos de uma cultura sobre a outra”, diz a pesquisadora da Embrapa Agroenergia, Simone Fávaro. Quando a macaúba já estiver com porte alto, também poderá ser testada na área a criação de animais. Para o pesquisador da Embrapa Agroenergia Alexandre Cardoso, líder do projeto, estabelecer esse sistema de produção agroflorestal teria como pontos favoráveis a diversificação e regionalização da produção de biomassa para biocombustíveis e óleoquímica, contando com uma espécie nativa, com ampla adaptabilidade em diferentes regiões.

Ao mesmo tempo que se trabalha com os cultivos organizados da macaúba nos ensaios experimentais, o projeto atua junto a pequenos agricultores da região de Barbalha que tem no extrativismo da macaúba parte da sua renda. Estas comunidades coletam os frutos da macaúba e o revendem como fruto fresco ou extraem, por métodos tradicionais o óleo da amêndoa. Este trabalho é bastante penoso e de baixo rendimento. 

O projeto desenvolvido no Nordeste brasileiro está inserido em um programa internacional para desenvolvimento de cultivos alternativos para produção de biocombustíveis, com ações também na África e na Ásia. 

Iniciativa é liderada pelo ICRAF, com financiamento do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (IFAD). Além da Embrapa Agroenergia, estão atuando fortemente no projeto a Embrapa Meio-Norte e a Embrapa Algodão, em cujos campos experimentais estão instalados os experimentos.